Uma mão cheia de história
Trago, dentro de uma mão, a cheia e na outra vaza, um coração
Paisagem que creio ser feito dos areais granulosos dos extremos
E única a razão dos meus desassossegos extensos.
E os vidros simbióticos das janelas dos comboios, só uma ida,
Se me dizem que “o amanhã não existe” é só o mar em roda, …
O mar em roda dos carris e o que me abraça a visão
Do país do verde solvente e do cais da bruma cega,
Tão abstractos e secretos como a textura dos meus versos.
Ninguém perguntou se-me-quero-dono desses segredos nus,
Sejam-o-que-forem, é ao inaudível cheiro da terra que pertenço,
Batendo, batendo dedentro dum inexacto e disléxico Malhoa
(Dizem-me das Tágides e dos nómadas veleiros cavalgando céus)
O silêncio fabrico-o eu e minto-o e invejo-o e invento-o,
Porquanto não o avisto, na vasta paisagem, a erguer nos braços
O poente que na noite preta, já se pensou navegar
Dou por mim no wagon-lit, mão vazia, sem posse nem pensar.
A pior névoa provém do pensamento, neve branca
Esquecida em pó de cal, assim é o meu país indeciso
Entre o sol e o sal, anónimo como a multidão sem alma,
Traz numa mão a história na outra a falsa e triste esperança.
Jorge Santos (01/2011)
http://joel-matos.blogspot.com
Submited by
Ministério da Poesia :
- Inicie sesión para enviar comentarios
- 689 reads
Add comment
other contents of Joel
Tema | Título | Respuestas | Lecturas |
Último envío![]() |
Idioma | |
---|---|---|---|---|---|---|
Poesia/General | Incólume quanto Ricardo Reis … | 1 | 624 | 02/20/2018 - 18:05 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/General | Inocente e Incriado … | 1 | 745 | 02/20/2018 - 18:04 | Portuguese | |
Poesia/General | Em Vila, Praia ou Âncora … | 1 | 1.558 | 02/20/2018 - 18:03 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/General | Quando as pombas desapareceram … | 1 | 491 | 02/20/2018 - 18:02 | Portuguese | |
Poesia/General | Não tenho pressa … | 1 | 650 | 02/20/2018 - 18:01 | Portuguese | |
Poesia/General | Em Parte, confesso-me … | 1 | 470 | 02/20/2018 - 18:01 | Portuguese | |
Poesia/General | Nada espero, nada quero, nada valho,nada sou … | 1 | 1.074 | 02/20/2018 - 18:00 | Portuguese | |
Poesia/General | Me levem os ares … | 1 | 730 | 02/20/2018 - 17:59 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/General | Pareces tão eu … | 1 | 242 | 02/20/2018 - 17:58 | Portuguese | |
Poesia/General | Encanta vento | 1 | 1.221 | 02/20/2018 - 17:57 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/General | De todos, o último … | 1 | 505 | 02/20/2018 - 17:56 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/General | Não fora o mar … | 1 | 316 | 02/20/2018 - 17:55 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/General | Eu digo não … | 1 | 274 | 02/20/2018 - 17:54 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/General | Pra que sirvo … | 1 | 528 | 02/20/2018 - 17:53 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/General | Gostaria de estar inspirado | 1 | 497 | 02/20/2018 - 17:52 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/General | Passagem … | 1 | 553 | 02/20/2018 - 17:52 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/General | O iniciado … | 1 | 401 | 02/20/2018 - 17:51 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/General | Tão tanto … | 1 | 241 | 02/20/2018 - 17:49 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/General | Garças voam e não voltam … | 2 | 671 | 02/20/2018 - 17:49 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/General | Segmentos derosa | 1 | 289 | 02/20/2018 - 17:48 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/General | Por uma outra … | 1 | 403 | 02/20/2018 - 17:46 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/General | Tudo o que pudesse ter sido eu não … | 1 | 1.731 | 02/20/2018 - 17:45 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/General | Janela de sótão | 1 | 481 | 02/20/2018 - 17:43 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/General | Existem esferas | 1 | 1.542 | 02/20/2018 - 17:41 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/General | O salto | 1 | 460 | 02/20/2018 - 17:40 | Portuguese |
Comentarios
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
é ao inaudível cheiro da
é ao inaudível cheiro da terra que pertenço,
Batendo, batendo dedentro dum inexacto e disléxico Malhoa
é ao inaudível cheiro da
é ao inaudível cheiro da terra que pertenço,
Batendo, batendo dedentro dum inexacto e disléxico Malhoa
é ao inaudível cheiro da
é ao inaudível cheiro da terra que pertenço,
Batendo, batendo dedentro dum inexacto e disléxico Malhoa
é ao inaudível cheiro da
é ao inaudível cheiro da terra que pertenço,
Batendo, batendo dedentro dum inexacto e disléxico Malhoa
é ao inaudível cheiro da
é ao inaudível cheiro da terra que pertenço,
Batendo, batendo dedentro dum inexacto e disléxico Malhoa