Uma mão cheia de história
Trago, dentro de uma mão, a cheia e na outra vaza, um coração
Paisagem que creio ser feito dos areais granulosos dos extremos
E única a razão dos meus desassossegos extensos.
E os vidros simbióticos das janelas dos comboios, só uma ida,
Se me dizem que “o amanhã não existe” é só o mar em roda, …
O mar em roda dos carris e o que me abraça a visão
Do país do verde solvente e do cais da bruma cega,
Tão abstractos e secretos como a textura dos meus versos.
Ninguém perguntou se-me-quero-dono desses segredos nus,
Sejam-o-que-forem, é ao inaudível cheiro da terra que pertenço,
Batendo, batendo dedentro dum inexacto e disléxico Malhoa
(Dizem-me das Tágides e dos nómadas veleiros cavalgando céus)
O silêncio fabrico-o eu e minto-o e invejo-o e invento-o,
Porquanto não o avisto, na vasta paisagem, a erguer nos braços
O poente que na noite preta, já se pensou navegar
Dou por mim no wagon-lit, mão vazia, sem posse nem pensar.
A pior névoa provém do pensamento, neve branca
Esquecida em pó de cal, assim é o meu país indeciso
Entre o sol e o sal, anónimo como a multidão sem alma,
Traz numa mão a história na outra a falsa e triste esperança.
Jorge Santos (01/2011)
http://joel-matos.blogspot.com
Submited by
Ministério da Poesia :
- Login to post comments
- 2684 reads
Add comment
other contents of Joel
Topic | Title | Replies | Views |
Last Post![]() |
Language | |
---|---|---|---|---|---|---|
Ministério da Poesia/General | Percas, Carpas … | 12 | 206 | 02/12/2025 - 09:38 | Portuguese | |
Poesia/General | Entreguei-me a quem eu era | 5 | 217 | 02/11/2025 - 18:02 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/General | Tomara poder tocar-lhes, | 12 | 249 | 02/11/2025 - 17:58 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/General | Duvido do que sei, | 9 | 122 | 02/11/2025 - 17:56 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/General | Recordo a papel de seda | 6 | 118 | 02/11/2025 - 17:38 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/General | Pois que vida não tem alma | 20 | 147 | 02/11/2025 - 17:37 | Portuguese | |
Poesia/General | Não existo senão por’gora … | 0 | 409 | 02/11/2025 - 17:25 | Portuguese | |
Poesia/General | Cedo serei eu | 0 | 278 | 02/11/2025 - 17:23 | Portuguese | |
Poesia/General | Pra lá do crepúsculo | 30 | 3.841 | 03/06/2024 - 11:12 | Portuguese | |
Poesia/General | Por onde passo não há s’trada. | 30 | 4.430 | 02/18/2024 - 20:21 | Portuguese | |
Poesia/General | Sonhei-me sonhando, | 17 | 5.542 | 02/12/2024 - 16:06 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/General | A alegria que eu tinha | 23 | 6.119 | 12/11/2023 - 20:29 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/General | Notas de um velho nojento | 7 | 3.800 | 12/06/2023 - 21:30 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/General | (Creio apenas no que sinto) | 17 | 2.754 | 12/02/2023 - 10:12 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/General | Vamos falar de mapas | 15 | 8.636 | 11/30/2023 - 11:20 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/General | São como nossas as lágrimas | 9 | 1.907 | 11/28/2023 - 11:11 | Portuguese | |
Poesia/General | Entrego-me a quem eu era, | 28 | 3.832 | 11/28/2023 - 10:47 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/General | O Homem é um animal “púbico” | 11 | 5.586 | 11/26/2023 - 18:59 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/General | A essência do uso é o abuso, | 1 | 4.589 | 11/25/2023 - 11:02 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/General | Insha’Allah | 2 | 2.799 | 11/24/2023 - 12:43 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/General | No meu espírito chove sempre, | 12 | 2.565 | 11/24/2023 - 12:42 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/General | Os destinos mil de mim mesmo. | 21 | 7.656 | 11/24/2023 - 12:42 | Portuguese | |
Poesia/General | “Daqui-a-nada” | 20 | 5.281 | 11/24/2023 - 11:17 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/General | Cada passo que dou | 0 | 2.797 | 11/24/2023 - 09:27 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/General | Quem sou … | 0 | 3.380 | 11/24/2023 - 09:26 | Portuguese |
Comments
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
é ao inaudível cheiro da
é ao inaudível cheiro da terra que pertenço,
Batendo, batendo dedentro dum inexacto e disléxico Malhoa
é ao inaudível cheiro da
é ao inaudível cheiro da terra que pertenço,
Batendo, batendo dedentro dum inexacto e disléxico Malhoa
é ao inaudível cheiro da
é ao inaudível cheiro da terra que pertenço,
Batendo, batendo dedentro dum inexacto e disléxico Malhoa
é ao inaudível cheiro da
é ao inaudível cheiro da terra que pertenço,
Batendo, batendo dedentro dum inexacto e disléxico Malhoa
é ao inaudível cheiro da
é ao inaudível cheiro da terra que pertenço,
Batendo, batendo dedentro dum inexacto e disléxico Malhoa