Civilização e o eu
A cidade exerce o seu fascínio nas gigantes árvores centenárias de metal que se erguem até ao céu de Deus, das mil línguas nativas que se conjugam numa só voz, no ritmo cosmopolita das gentes, na teia de conspirações e ódios que o interior a alma irracional guarda numa máscara de compreensão europeia.
Areia negra cai torrencialmente como chuva vermelha em pleno Inverno,
formando montanhas negras na cidade que não pode
dormir.
As chamas são únicas fontes de luz na escuridão que impera neste reino de solidão,
onde as parcas repousam seus dedos e o destino é uma força de contenção.
Luzes avermelhadas dão a conhecer a água que quase afunda os náufragos e que lava o sangue dos pecados suburbanos em largos rios de corpos diluídos no calor das fornalhas.
(Essas luzes, que dão a ilusão de não se estarem a afundar-se no seu próprio corpo e alma)
As cinzas, a noite, as guerras, tudo se conjuga num cenário teatral onde há sempre duas faces por de trás da máscara do poeta, do homem lúcido a encontrar-se na imensidão da palavra declamada, a fonte de calor que o aproxima do seu coração.
(Pedaços de uma realidade transparente e tépida como um objecto de dois efeitos distintos)
Representações naturais do mundo são destruídas em segredo, em atmosferas grotescas de uma civilização iludida pela ideia da civilização.
Submited by
Poesia :
- Inicie sesión para enviar comentarios
- 736 reads
Add comment
other contents of angelofdeath
Tema | Título | Respuestas | Lecturas | Último envío | Idioma | |
---|---|---|---|---|---|---|
Poesia/Amor | Visões | 1 | 1.503 | 02/27/2018 - 09:25 | Portuguese | |
Poesia/Meditación | Máquinas | 0 | 1.675 | 02/04/2014 - 09:20 | Portuguese | |
Poesia/Desilusión | Memória | 0 | 1.592 | 12/26/2013 - 11:45 | Portuguese | |
Poesia/Meditación | Purificação | 0 | 1.508 | 12/23/2013 - 13:02 | Portuguese | |
Poesia/Desilusión | Solidão | 0 | 2.238 | 09/14/2011 - 10:40 | Portuguese | |
Poesia/Meditación | Homem-Máquina | 0 | 2.145 | 09/14/2011 - 10:39 | Portuguese | |
Poesia/Desilusión | Rostos | 0 | 2.189 | 08/27/2011 - 17:37 | Portuguese | |
Poesia/Meditación | Fama | 0 | 1.898 | 08/27/2011 - 17:37 | Portuguese | |
Poesia/Intervención | Civilização | 0 | 2.051 | 07/12/2011 - 18:56 | Portuguese | |
Poesia/Amor | O Mundo em chamas | 1 | 2.226 | 06/11/2011 - 23:14 | Portuguese | |
Poesia/Meditación | A engrenagem do Mundo | 0 | 2.089 | 06/11/2011 - 22:24 | Portuguese | |
Poesia/Desilusión | Vendo o que sente | 1 | 2.402 | 05/26/2011 - 00:16 | Portuguese | |
Poesia/Pasión | Noite(parte 3) | 1 | 1.916 | 05/17/2011 - 15:57 | Portuguese | |
Poesia/Tristeza | Noite(parte 1) | 1 | 2.106 | 05/16/2011 - 21:42 | Portuguese | |
Poesia/Desilusión | Noite(parte2) | 0 | 2.072 | 05/16/2011 - 20:46 | Portuguese | |
Poesia/Amor | Entre a realidade o o sonho | 1 | 2.230 | 04/02/2011 - 12:08 | Portuguese | |
Poesia/Pasión | Blue eyes | 2 | 2.355 | 03/25/2011 - 15:25 | Portuguese | |
Poesia/Desilusión | Entre as entreportas do destino | 1 | 2.068 | 02/13/2011 - 02:12 | Portuguese | |
Poesia/Amor | Ao entrar naquele quarto... | 0 | 2.241 | 01/30/2011 - 12:18 | Portuguese | |
Críticas/Cine | Critica ao filme"Grindhouse" | 0 | 3.130 | 01/30/2011 - 01:36 | Portuguese | |
Poesia/Amor | TriAngulO (dueto entre Angelofdeath e Giraldoff) | 0 | 1.960 | 01/23/2011 - 21:03 | Portuguese | |
Pintura/Figurativo | Francis beacon-painter | 0 | 4.895 | 01/23/2011 - 12:43 | Portuguese | |
Críticas/Cine | Critica ao "Black Swam" | 1 | 2.888 | 01/18/2011 - 22:06 | Portuguese | |
Poesia/Amor | A ruas vestem-se de vermelho | 0 | 2.734 | 01/16/2011 - 22:25 | Portuguese | |
Poesia/Desilusión | Pela porta da minha janela | 1 | 1.865 | 01/08/2011 - 17:55 | Portuguese |
Comentarios
Re: Civilização e o eu
Representações naturais do mundo são destruídas em segredo, em atmosferas grotescas de uma civilização iludida pela ideia da civilização.
Que esse povo "civilizado" não apenas leia tuas palavras, mas que a entendam com o coração
Um brinde a tua poesia :pint:
Re: Civilização e o eu
Bela imagem desta "selva de pedra", onde a dita civilização parece desencontrar-se.
Gostei muito do seu apelo poético. Parabéns e um abraço
Re: Civilização e o eu
E fica a pergunta que ultrapassa gerações: Quem são mesmos os civilizados?
Bom ensaio... gostei muito.
Re: Civilização e o eu
Bom ensaio.
Aqui e ali optimos rasgos poéticos
no teu texto.
Gostei.
Marco Dias
Re: Civilização e o eu
"Representações naturais do mundo são destruídas em segredo, em atmosferas grotescas de uma civilização iludida pela ideia da civilização."
Muito lindo
bjs
Re: Civilização e o eu
...e nunca são demasiados os apelos direccionados para a preservação da MÃE NATUREZA.É o que o mundo sem excepção precisa para respeitar a fonte de vida que já vai dando sinais do seu descontentamento pelo desmazelo humano. Parabéns :-)