Longa Espera
Um grou de mau agouro,
pousado na cruz do outeiro,
prevendo infortúnio vindouro,
espreita o meu terreiro.
O relógio me mostra a hora,
em que tudo vai acabar.
Não sei por que você chora:
tinha assim que terminar.
Sei que era a hora certa,
antes do romper da aurora.
Porque deixei a porta aberta:
você, então, foi embora.
Agora, encolhido num cantinho,
de onde vejo e ouço o relógio,
com irritante tique-taque baixinho
de dor, de amor, talvez ódio.
Arrependido, hoje eu estou;
e como companheiro de solidão,
comigo restou a cruz e o grou,
e a dor no meu coração.
E ao romper de cada aurora,
sofro de espera e de ansiedade.
Eu aguardo você lá fora,
mas quem chega é a saudade.
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Sábado, Abril 4, 2020 - 15:19
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