Cumpro com rigor a derrota

Será minha a minha vida ou roubada
A outros, às sombras, o destino que
Me é dado acreditar e me cabe por
Direito, cumpro com rigor a derrota,

Sigo o resto que a maré deixa de lodo e
Sargaço na areia assim os meus sapatos
E o musgo em carpete sob meus passos,
Que o não os sinto nem ligam meus pés

Ao sub-mundo que me consente apenas
Passadas pequenas em minúsculas, rústicas
Pernas, inútil vida de sombras eternas
Roubados os mortos, perpétuos e terrenos,

Será minha a minha vida ou é simples cinza
Doutras vidas e de quem já viveu e a
Água do meu lavatório, sangue e urina
Que Orpheu verteu no covil do Demor-

-Gorgon. Diz-se que depois de extinta
A cinza não gera fogo e a Acácia não
Floresce de novo em tom amarelo sem
Repousarem um inverno e as folhas, troncos

Nus e despidos, áridos como a minha paixão,
Ardido meu peito e a crença que não sou eu,
Nem me conheço, sendo minha a vida
Esta não me foi dada, sou um arremedo

De outras, idas numa sucessão de sombras
Tão sombrias quanto o escultor cego e surdo,
Que as talhou num panteão que não é meu,
Num poço profundo, longe dos crentes,

De todos e de tudo, não longe do “cu-do-céu”,
Cumpro com rigor a derrota espiritual, digo adeus,
Como cada homem que a vida deixa no caudal
Dum rio sem barca, num mar sem margem …

Joel Matos ( 05 Dezembro 2020)

http://joel-matos.blogspot.com

https://namastibet.wordpress.com

Submited by

Sábado, Enero 2, 2021 - 16:23

Poesia :

Su voto: Nada (1 vote)

Joel

Imagen de Joel
Desconectado
Título: Membro
Last seen: Hace 3 días 8 horas
Integró: 12/20/2009
Posts:
Points: 42103

Comentarios

Imagen de Joel

obrigado pela leitura e pela partilha

obrigado pela leitura e pela partilha

Add comment

Inicie sesión para enviar comentarios

other contents of Joel

Tema Título Respuestas Lecturas Último envíoordenar por icono Idioma
Poesia/Fantasía O Licórnio 0 3.173 12/16/2010 - 21:16 Portuguese
Poesia/General Cheiro a beijo 0 3.331 12/16/2010 - 21:12 Portuguese
Poesia/General Viagem sem retorno 0 2.837 12/16/2010 - 21:05 Portuguese
Poesia/General Pouco m'importa 0 3.398 12/16/2010 - 21:03 Portuguese
Poesia/Fantasía Navio fantasma 0 4.122 12/16/2010 - 21:00 Portuguese
Poesia/General Lilith 0 2.556 12/16/2010 - 20:59 Portuguese
Poesia/Intervención Canção do pão 0 3.004 12/16/2010 - 20:54 Portuguese
Poesia/General O último poema 0 3.126 12/16/2010 - 20:52 Portuguese
Ministério da Poesia/Desilusión barbearia 0 9.921 11/19/2010 - 18:27 Portuguese
Ministério da Poesia/Desilusión assim assim... 0 10.498 11/19/2010 - 18:26 Portuguese
Ministério da Poesia/Soneto Morcegario 0 7.634 11/19/2010 - 18:24 Portuguese
Ministério da Poesia/Gótico o corvo (poe) tradução livre 0 26.113 11/19/2010 - 18:23 Portuguese
Ministério da Poesia/Desilusión Asas d' 0 8.314 11/19/2010 - 18:23 Portuguese
Ministério da Poesia/Intervención O homem fronha 0 5.198 11/19/2010 - 18:23 Portuguese
Ministério da Poesia/Pasión Da paixão 0 9.814 11/19/2010 - 18:23 Portuguese
Ministério da Poesia/Intervención Parle-moi 0 4.880 11/19/2010 - 18:23 Portuguese
Ministério da Poesia/Desilusión Vega 0 6.052 11/19/2010 - 18:23 Portuguese
Ministério da Poesia/Intervención os míseros não têm mando 0 3.913 11/19/2010 - 18:20 Portuguese
Ministério da Poesia/Dedicada Da Paixão 0 2.007 11/19/2010 - 18:20 Portuguese
Ministério da Poesia/Intervención Do tempo cego 0 3.881 11/19/2010 - 18:19 Portuguese
Ministério da Poesia/Dedicada Sophya 0 5.534 11/19/2010 - 18:19 Portuguese
Ministério da Poesia/General Adverso ou controverso 0 6.678 11/19/2010 - 18:19 Portuguese
Ministério da Poesia/General Parle-moi 0 7.092 11/19/2010 - 18:19 Portuguese
Ministério da Poesia/General Volto já 0 3.640 11/19/2010 - 18:19 Portuguese
Ministério da Poesia/Dedicada A minha Pátria 0 26.820 11/19/2010 - 18:18 Portuguese