A escória da humanidade

Gritam impropérios naquela rua
E não conseguimos decifrar quem está lá
Misturado ao lixo
Vidas miseráveis jogadas ao relento
Escondendo sob as folhas rasgadas de jornais velhos
Gritarias por causa de algum corotinho
Algazarras de trôpegos
E assovio entre as fumaças.

A lua se escondeu de vergonha
Entre as árvores já picotadas
Nos postes cartazes de propagandas antigas
Enquanto um cachorro sarnento levanta suas patas
Deixando um fedor ocre entre as catingas do lugar
E alguns vermes observam silenciosamente
As criaturas disputando um resto de pinga no corotinho.

Foi assim que você aprendeu na escola
Que não se deve importar tanto assim com o mundo
O caos instalado na sociedade
Que empurram com braços fortes
Milhares de pessoas indefesas para a sarjeta
Como se fossem a escória da humanidade
Como se não houvesse ali uma alma a ser salva.

Levantem-se e esbravejem
Rasguem suas vestes já rotas pelo tempo
Deixem que vejam os seus rostos machucados
Marcados pelo abandono e desprezo
Quem sabe assim eles não se esqueçam do menosprezo
E percam o sono em suas mansões bem vigiadas
Cercadas de seguranças por todo lado.

Vão dizer que vocês não tem nada a falar
Que reclamam de barriga cheia
Quando eles se esbaldam nas suculentas porções
E saboreiam vinhos importados
Jogam o que sobram nos latões de lixo
Que agora estão diante desses pobres coitados
Que continuam brigando pelo corotinho de pinga.

Poema: Odair José, Poeta Cacerense

www.odairpoetacacerense.blogspot.com

Submited by

Jueves, Agosto 11, 2022 - 20:16

Poesia :

Sin votos aún

Odairjsilva

Imagen de Odairjsilva
Desconectado
Título: Membro
Last seen: Hace 13 horas 57 mins
Integró: 04/07/2009
Posts:
Points: 16802

Comentarios

Imagen de Odairjsilva

Visitem os

Imagen de Odairjsilva

Visitem os

Imagen de Odairjsilva

Visitem os

Add comment

Inicie sesión para enviar comentarios

other contents of Odairjsilva

Tema Título Respuestas Lecturas Último envíoordenar por icono Idioma
Poesia/Pensamientos A última fronteira do mundo 6 124 09/29/2024 - 14:03 Portuguese
Poesia/Fantasía A Noiva da Ponte Branca 6 211 09/28/2024 - 14:11 Portuguese
Poesia/Amor Desejo que o tempo não desfaz 6 160 09/24/2024 - 23:52 Portuguese
Poesia/Pensamientos O velho, o menino e a moça 6 364 09/23/2024 - 20:41 Portuguese
Poesia/Fantasía Ele que o abismo viu 6 384 09/21/2024 - 04:18 Portuguese
Poesia/Intervención O clamor da Terra 6 273 09/19/2024 - 22:35 Portuguese
Poesia/Intervención Sacanagens camufladas 6 418 09/15/2024 - 13:51 Portuguese
Poesia/Meditación Existência 6 288 09/13/2024 - 22:35 Portuguese
Poesia/Intervención Fumaça 6 243 09/10/2024 - 00:34 Portuguese
Poesia/Desilusión Em algum ponto no universo 6 402 09/08/2024 - 15:08 Portuguese
Poesia/Meditación Você está aqui 6 254 09/05/2024 - 21:33 Portuguese
Poesia/Desilusión Palavras que escorrem 6 454 09/04/2024 - 20:53 Portuguese
Poesia/Meditación As palavras que saem da mente 6 417 09/03/2024 - 22:01 Portuguese
Poesia/Pensamientos Frankenstein 6 983 09/02/2024 - 23:13 Portuguese
Poesia/Pasión Corinthians, Tu és o Maior 6 305 09/01/2024 - 13:53 Portuguese
Videos/Poesía Entrevista com o Poeta Cacerense 0 93 08/31/2024 - 21:52 Portuguese
Poesia/Canción A melodia do poeta 6 490 08/30/2024 - 21:20 Portuguese
Poesia/Desilusión A vida segue o seu curso 6 679 08/28/2024 - 23:17 Portuguese
Poesia/Amor Porque te amo 6 601 08/26/2024 - 15:42 Portuguese
Poesia/Pensamientos Os estranhos 6 1.055 08/25/2024 - 14:20 Portuguese
Poesia/Pensamientos O homem de barro 6 1.254 08/24/2024 - 13:39 Portuguese
Poesia/Intervención Terra de silêncios 6 342 08/23/2024 - 23:22 Portuguese
Poesia/Desilusión A noite é longa 6 213 08/20/2024 - 20:35 Portuguese
Poesia/Pasión No abraço do desejo 6 312 08/20/2024 - 04:14 Portuguese
Poesia/Pasión Quando o meu desejo te encontrar 6 596 08/19/2024 - 02:08 Portuguese