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A escória da humanidade
Gritam impropérios naquela rua
E não conseguimos decifrar quem está lá
Misturado ao lixo
Vidas miseráveis jogadas ao relento
Escondendo sob as folhas rasgadas de jornais velhos
Gritarias por causa de algum corotinho
Algazarras de trôpegos
E assovio entre as fumaças.
A lua se escondeu de vergonha
Entre as árvores já picotadas
Nos postes cartazes de propagandas antigas
Enquanto um cachorro sarnento levanta suas patas
Deixando um fedor ocre entre as catingas do lugar
E alguns vermes observam silenciosamente
As criaturas disputando um resto de pinga no corotinho.
Foi assim que você aprendeu na escola
Que não se deve importar tanto assim com o mundo
O caos instalado na sociedade
Que empurram com braços fortes
Milhares de pessoas indefesas para a sarjeta
Como se fossem a escória da humanidade
Como se não houvesse ali uma alma a ser salva.
Levantem-se e esbravejem
Rasguem suas vestes já rotas pelo tempo
Deixem que vejam os seus rostos machucados
Marcados pelo abandono e desprezo
Quem sabe assim eles não se esqueçam do menosprezo
E percam o sono em suas mansões bem vigiadas
Cercadas de seguranças por todo lado.
Vão dizer que vocês não tem nada a falar
Que reclamam de barriga cheia
Quando eles se esbaldam nas suculentas porções
E saboreiam vinhos importados
Jogam o que sobram nos latões de lixo
Que agora estão diante desses pobres coitados
Que continuam brigando pelo corotinho de pinga.
Poema: Odair José, Poeta Cacerense
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