Ói, ói o trem.

Vem surgindo entre montanhas de um céu azul,
um clarão intenso queimando o oxigênio do ar,
atingirá do leste ao oeste, do norte ao sul,
fazendo do planeta uma fornalha a brilhar.

A profecia foi cantada como sendo terminal.
Não demos importância à destruição profetizada.
Era a batalha já esperada entre o bem e o mal,
e a mãe terra com seus reinos, seria no altar imolada.

Agora, há um cogumelo explodindo na minha cabeça.
Na verdade, nem sei onde estou ou se sobrevivi.
À minha volta há somente um negro nevoeiro.
Foi o final de tudo, devo estar sozinho aqui.

Minha mente sofre o conflito permanente
do pavor que vi nos olhos de uma criança.
Aconteceu quando o clarão final se fez presente
e desde então, o pesadelo está na lembrança.

De onde estou, contemplo um mundo destruído.
Nem a minha alma, sofrida e errante, existe. 
Só me lembro do cogumelo, da paranoia, do ruído
e do horror, que no olhar da criança, persiste.

O pavor que fere o culpado, fere o inocente.
Erguendo as mãos fracas e trêmulas, o idoso
chora o passado e implora salvação no presente,
pedindo socorro pelo dia tenebroso.

Para que tanta riqueza, prepotência, pujança,
se tudo, agora, à minha volta é apenas um braseiro.
No etéreo da minha mente, só vive a lembrança
de um frágil corpinho queimando inteiro.

Onde fica a ostentação e o orgulho humano
ao se contemplar um corpo exangue?
Me sinto responsável, e como todos, sou insano,
pois em nossas mãos, também há sangue.

J. Thamiel - 13.08.24   11h 46min

Submited by

Miércoles, Agosto 14, 2024 - 16:01

Poesia :

Sin votos aún

J. Thamiel

Imagen de J. Thamiel
Desconectado
Título: Membro
Last seen: Hace 1 semana 5 días
Integró: 05/02/2016
Posts:
Points: 4134

Add comment

Inicie sesión para enviar comentarios

other contents of J. Thamiel

Tema Título Respuestas Lecturas Último envíoordenar por icono Idioma
Poesia/Desilusión S O L I D Ã O - Soneto 0 777 01/15/2025 - 13:35 Portuguese
Poesia/Meditación MINHA FAMILIA 0 2.146 10/17/2024 - 14:48 Portuguese
Poesia/General MEU SONETO DE DESPEDIDA 0 3.295 09/03/2024 - 13:01 Portuguese
Poesia/General VISÃO, TATO, AUDIÇÃO, OLFATO, PALADAR. 0 1.958 09/01/2024 - 13:53 Portuguese
Poesia/General CASTRO ALVES E SEU GRITO 3 2.011 08/30/2024 - 15:48 Portuguese
Poesia/Amistad ESTES VERSOS SÃO PARA VOCÊ 0 2.472 08/24/2024 - 13:03 Portuguese
Poesia/Meditación PHILOSOPHANDO 0 1.285 08/24/2024 - 12:50 Portuguese
Poesia/General VOCÊ VAI LER? ENTÃO, SENTE! 0 1.120 08/24/2024 - 00:20 Portuguese
Poesia/Amor A GAIOLA 0 1.099 08/23/2024 - 14:48 Portuguese
Poesia/General NINGUÉM QUER ESTAR SOZINHO 0 2.123 08/20/2024 - 11:57 Portuguese
Poesia/Meditación QUANDO SOAR A TROMBETA DO ANJO 0 1.998 08/18/2024 - 14:31 Portuguese
Poesia/Fantasía UM CAVALO ALADO 0 2.906 08/18/2024 - 00:34 Portuguese
Poesia/Amor O COMEÇO FOI ASSIM 0 1.152 08/17/2024 - 00:49 Portuguese
Poesia/General E NEM CHEGOU A PRIMAVERA... 1 1.141 08/16/2024 - 02:17 Portuguese
Poesia/General PREPOTENTES 0 1.099 08/16/2024 - 02:10 Portuguese
Poesia/Desilusión Ói, ói o trem. 0 2.103 08/14/2024 - 16:01 Portuguese
Poesia/Amor LOS QUE SE ENGAÑAN ACEPTAN EL DOLOR 0 1.098 08/13/2024 - 22:54 Portuguese
Poesia/Amor LOS QUE SE ENGAÑAN ACEPTAN EL DOLOR 0 3.206 08/13/2024 - 17:00 Español
Poesia/Desilusión QUEM SE ILUDE, ACEITA A DOR. 2 1.423 08/12/2024 - 16:05 Portuguese
Poesia/Meditación O POETA TRISTE 1 1.721 08/11/2024 - 19:06 Portuguese
Poesia/Dedicada REVERÊNCIA 2 1.466 08/11/2024 - 15:01 Portuguese
Poesia/Dedicada INÍCIO, MEIO E FIM 1 1.361 08/10/2024 - 14:05 Portuguese
Poesia/Amor MINHA SANTIDADE 0 1.150 08/08/2024 - 18:38 Portuguese
Poesia/Fantasía ASSIM NASCE A POESIA 0 1.577 08/05/2024 - 22:10 Portuguese
Poesia/General O REGATO 0 1.965 07/31/2024 - 15:03 Portuguese