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MINHA FAMILIA
Dos sonhos tristonhos, medonhos.
De pássaros sonoros, canoros,
e beija-flores na varanda de floridas
margaridas.
No entanto já passamos dos sessenta
e insistimos para a juventude não passar.
Mas tudo acontece tão rápido, ninguém aguenta
e nem está dando mais para acompanhar.
No entanto já passamos dos sessenta,
e por nada minha vida trocaria.
Hoje a gente lembra e até ri
de coisas que a gente antes não ria
e percebe tantas outras
que antigamente não se via.
Em cada canto da casa,
há sempre um novo achado:
tantos pedaços de nós mesmos
por aí, espalhados no passado...
Achamos dores, sorrisos, beijos e abraços.
Oh, meu Deus, quantos pedaços!
Outro dia, eu achei jogado num canto,
aquele sorriso que você me deu.
Em outro canto, estava o beijo que não dei
e era somente seu.
Também achei nossas mãos,
como conchas fechadas, fazendo uma oração.
Achei as brincadeiras, os pitos,
os afagos e os carinhos;
e entre o choro das crianças, abraços e beijinhos.
Fomos cúmplices e amantes
e o amor nos tornou gigantes
ao nos dedicar muito aos filhos,
e até menos a nós.
Estando sempre um ao lado do outro
nunca estivemos a sós.
Na verdade, eu achei tudo isso na lembrança,
ainda embrulhado nos papéis da esperança.
Tanta dor, tanto amor, tanto compromisso
tanta cumplicidade,
e vivendo tudo isso, criamos a felicidade.
J.Thamiel
17.10.24 – 11h20min
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