Vontade criadora.

Eis minha participação para a 2a Antologia de poesias WAF.

VONTADE CRIADORA

Nas ruas passam pessoas
Sem destino e sem razão.
Caminham como se nada fizessem
Em meio a edifícios altos
Sem face e sem cor

Mas nada dizem e nada pensam
São como mortos-vivos
A vagar lentamente na escuridão
Mentes vazias, corações batendo o necessário
Para que o corpo se mantenha

Vivem na alienação
Alimentam-se do comodismo
Nada fazem, nada esperam, nada aspiram
Exceto viver mais um pouco, talvez nem tanto
Mas nada disso os incomoda.
Se falam não se entende o que dizem
Se ouvem, não se sabe se escutam
Se andam, não se sabe se caminham
Se correm não se sabe se há pressa
Se morrem não se tornam diferentes

Nas ruas passam os passos
Sem expectativas para a vida que construíram
Sem palavras porque nunca as escreveram
Sem canções porque nunca as ouviram
Sem almas porque nunca as nutriram

Em cada esquina as mentes vazias
Os corações apáticos, pernas claudicantes
Nada sabem, nada dizem
É a ingrata experiência
Da existência sem razão

Necessita o homem viver plenamente
Sem temores e sem medos
Fazer crescer dentro de si
O ímpeto sagrado do novo
E jardim abençoado da vontade criadora.