FRAGMENTOS
Uma vida e uma ilusão.
Sinto a cada dia
O que poderia ser,
E não sou.
O corpo que move,
Que respira e escreve,
Não é o mesmo que sonha,
Se comove e delira.
Não sou mais do que fragmentos,
Luzes opacas longínquas.
Estrelas há muito adormecidas.
O manto negro revela nas noites,
Suspiros de astros já mortos.
A luz tão forte e hipnótica,
É o oposto do corpo sem vida.
Sou rastro de luz.
Desgastada imagem do meu eu.
Fragmento distante do que poderia ser,
E não sou.
Mas um sopro ‘inda persiste.
Pálido amor resguardado,
Um paralelo do que não existe:
Vivo fulgor em meu fado.
Em terra, em vida,
Sou o oposto dessa ilusão.
Luz intermitente, somente.
Eu sinto o que devia ser.
Mas não sou.
Sou apenas fragmentos,
Luzes da estrela morta.
Num paralelo entre a vida e a morte,
Ora brilho,
Ora apago.
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Comentarios
Re: FRAGMENTOS
Parabéns pelo belo poema.
Gostei.
Um abraço.
Roberto
Re: FRAGMENTOS
O corpo que move,
Que respira e escreve,
Não é o mesmo que sonha,
Se comove e delira.
Esta foi de génio, o poeta sai dos limites de si em boas meditações como esta!!!
:-)
Re: FRAGMENTOS
"Sou rastro de luz.
Desgastada imagem do meu eu.
Fragmento distante do que poderia ser,
E não sou."
Eu me emociono quando leio-te
imagem em letras de mim,
reflexo deste meu triste nexo
vôo sem volta de um Serafim
peito aberto
destino (in)certo
asfalto cáustico
céu carmim...
subt
Re: FRAGMENTOS
LINDO POEMA, GOSTEI MUITÍSSIMO!
É A ETERNA INSATISFAÇÃO DO SER, SEMPRE SONHANDO EM SER ALGO MAIS EM SUAS IMAGINAÇÕES, MAS VENDO-SE SÓMENTE COMO FRAGMENTOS DESTE UNIVERSO SEM FIM!
Meus parabéns,
Marne
Re: FRAGMENTOS
Amei. Um belíssimo texto. Abraços.
Re: FRAGMENTOS
A eterna busca do Eu interior. Sente o que é, mas não é o que poderia ser. Talvez porque possamos ir sempre mais longe, sentimo-nos aquém do que poderemos ser. A aprendizagem é constante, mas este poema foi longe, muito longe! Meditativo e profundo. Excelente!
Parabéns,
Clarisse
Re: FRAGMENTOS
Em terra, em vida,
Sou o oposto dessa ilusão.
Luz intermitente, somente
Olá Beto
O oposto do que se é, ou o reflexo do que se não é. Pura ilusão no espaço qe nos circunda. Um lá e outro cá, sempre em contradições, em frenéticas ilusões..
Paralelismos, num tempo de contrariedades
Um bom poema
Parabéns
Matilde D'Ônix
Re: FRAGMENTOS
Sonhando, a nossa mente brilha com um furor extraordinário desconhecendo limites.
Já com os pés assentes em realidade, pois… a história muda.
Gostei muito de ler, e fiquei encantada com “Fragmentos”.
Carla
Re: FRAGMENTOS
Betofelix;
Nestes suaves fragmentos do seu Eu, provavelmente sem brilho do sol, mas com gotas de orvalho, retrata aqueles fios invisiveis de angustia, de derrota do inteligivel, do que é suposto ser a felicidade.
Trouxe-me instantaneamente á memória os monólogos do livro do desassossego.
Gostei especialmente do cuidado elaborado, de uma quadra em destaque:
Mas um sopro ‘inda persiste.
Pálido amor resguardado,
Um paralelo do que não existe:
Vivo fulgor em meu fado.
Onde denota, que se houvesse uma mudança, uma réstia de chance, se ergueria. Mas esse seu Fado, que o tolhe, que o paralisa,quase o condena.
No fundo, o suave suspiro de uma alma padecida!
Muito bom!