Lembro-me
Lembro-me quando as árvores eram filósofos e os carros do lixo iam a cem á hora pela avenida.
Lembro-me dos semáforos serem agentes secretos, tristes e abandonados como os livros que ficam por ler
Lembro-me daquela perseguição, da bala atravessando a parede, a poeira dos pneus nos olhos e os ouvidos encostados ao peito do medo desejando não morrer.
Lembro-me da luz azul e da farmácia de serviço, de uma bíblia manchada de rum e de tabaco.
A dose de acido foi de mais, já não vejo Lisboa e todos os policias tem o andar dos pássaros.
Os miúdos na praia cheiram cola e a poesia só serve quando a solidão parece uma publicidade.
Por favor Deus sai da tua igreja, olha como estão os olhos de quem se anestesia.
Depois do amor aquele homem perdeu a vontade e só foi capaz de dar mais um nó na corda.
Lembro-me de correr como um comboio, qualquer aventura termina quando o mundo nos parece frágil como um trapézio.
Lembro-me de andar dias sem dormir, de algumas horas deitado contigo no chão. Talvez todas as respostas toquem um dia o coração dos homens.
A dose de acido foi de mais, já não vejo Lisboa, só uma nuvem ao longe nos meus olhos.
Lobo 010
Submited by
Poesia :
- Inicie sesión para enviar comentarios
- 1203 reads
Add comment
other contents of lobo
Tema | Título | Respuestas | Lecturas | Último envío | Idioma | |
---|---|---|---|---|---|---|
Prosas/Ficção Cientifica | Alguem te olha os olhos escuros | 0 | 1.895 | 11/18/2010 - 23:05 | Portuguese | |
Prosas/Lembranças | Mãe pode ser um momento vago , primeira parte | 0 | 2.119 | 11/18/2010 - 23:05 | Portuguese | |
Prosas/Otros | Havia um espírito cheio de pregos | 0 | 1.200 | 11/18/2010 - 23:05 | Portuguese | |
Prosas/Pensamientos | Assim continuamos a tirar vermes da cartola. | 0 | 1.244 | 11/18/2010 - 23:03 | Portuguese | |
Prosas/Contos | Anda alguem a desacertar o relogio do mundo parte 5 | 0 | 1.907 | 11/18/2010 - 23:03 | Portuguese | |
Prosas/Pensamientos | Ter os olhos pousados nas estradas | 0 | 1.264 | 11/18/2010 - 23:03 | Portuguese | |
Prosas/Otros | Seguimos os gestos que a cidade desenha nos corpos | 0 | 1.266 | 11/18/2010 - 23:03 | Portuguese | |
Prosas/Pensamientos | Estou a perder-me | 0 | 1.122 | 11/18/2010 - 22:56 | Portuguese | |
Prosas/Otros | A princesa ama o dragão | 0 | 2.451 | 11/18/2010 - 22:55 | Portuguese | |
Prosas/Pensamientos | Menino Jesus vamos jogar ao monopolio | 0 | 1.352 | 11/18/2010 - 22:51 | Portuguese | |
Prosas/Ficção Cientifica | Ainda há policias bons | 0 | 1.626 | 11/18/2010 - 22:51 | Portuguese | |
Prosas/Otros | a alma nhaé como o cume da monta | 0 | 2.026 | 11/18/2010 - 22:50 | Portuguese | |
Prosas/Pensamientos | Rua da paragem sem álcool | 0 | 1.510 | 11/18/2010 - 22:48 | Portuguese | |
Prosas/Otros | Coisa que a morte não faz | 0 | 1.715 | 11/18/2010 - 22:48 | Portuguese | |
Prosas/Pensamientos | As leituras sobre a natureza | 0 | 1.936 | 11/18/2010 - 22:48 | Portuguese | |
Prosas/Pensamientos | Entrego-me ao rio | 0 | 1.566 | 11/18/2010 - 22:48 | Portuguese | |
Prosas/Ficção Cientifica | A rapariga dos sapatos vermelhos 3 | 0 | 1.775 | 11/18/2010 - 22:48 | Portuguese | |
Prosas/Ficção Cientifica | Um certo tempo do amor | 0 | 2.002 | 11/18/2010 - 22:48 | Portuguese | |
Prosas/Ficção Cientifica | Assim de repente | 0 | 1.594 | 11/18/2010 - 22:48 | Portuguese | |
Prosas/Pensamientos | A rapariga dos sapatos vermelhos | 0 | 1.695 | 11/18/2010 - 22:48 | Portuguese | |
Prosas/Pensamientos | A rapariga dos sapatos vermelhos 2 | 0 | 1.609 | 11/18/2010 - 22:48 | Portuguese | |
Prosas/Otros | Os cavalos amarrotam o papel 3 | 0 | 2.562 | 11/18/2010 - 22:48 | Portuguese | |
Prosas/Ficção Cientifica | A mulher que tinha sémen nos olhos parte 3 | 0 | 1.442 | 11/18/2010 - 22:48 | Portuguese | |
Prosas/Mistério | Não era milagre andar sobre as águas | 0 | 1.318 | 11/18/2010 - 22:48 | Portuguese | |
Prosas/Pensamientos | Os cavalos amarrotam o papel. 2 | 0 | 1.328 | 11/18/2010 - 22:47 | Portuguese |
Comentarios
Re: Lembro-me
Uma nostalgia de recordações poéticas.
Sem dúvida! Um quadro com pinceladas contemporâneas inesquecíveis.
Gostei muito de ler. E igual a todos porque de vez em quando aparece um diferente... que é obra de arte.
Vitor.
Re: Lembro-me
Um poema para ler, reler e reter.
Abraço
Nuno