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A mulher que tinha sémen nos olhos parte 3

No dia em que os Japoneses andaram no céu a tirar fotografias acompanhados por uma guia que lhes ia explicando o estilo arquitectónico de cada nuvem, o ano em que foi construído o museu da harpa e outras informações que fazem parte dos guias turísticos. Quero dizer-vos que os japoneses não são só bons a transformar a tecnologia que os outros criaram, também conseguem através de processos virtuais levar os vivos a pisarem por preços do outro mundo solo celeste. Conto-vos que no céu a língua oficial já não é o hebraico. Era inconcebível que o faz todas coisas e sabe todas coisas não soubesse inglês, coisa que qualquer marginal, o carteirista mais amador, ou o diabinho mais inexperiente na arte da tentação sabe falar. Fez o faz todas coisas o mundo em sete dias, aprenderia inglês num mês.
- Ó anjo revolução achas que faço bem em aprender inglês?
- Como é que vais aprender?
- Ouvi falar desses cursos da BBC.
- Posso alugar um filme no clube de vídeo.
- Temos cá clube de vídeo?
- É a loja das aparições, outro dia vi um diabinho com um DVD porno.
- Que filme levava?
- Lúcia aprende a rezar.
- E o filme é inglês?
- Penso que é italiano.
- Se lá fores traz-me aquele que se chama serenata á chuva.
- Vi três vezes a laranja mecânica, devias ver
- Devia ver para quê?!
- Para aprenderes o inglês de rua o calão.
- Eu sou o Deus não tenho que aprender coisas ordinárias, nem coisas violentas.
- Desculpa lá mas isso de não quereres aprender violência nem coisas órdinarias não é bem assim.
- Então porquê?!
- Ainda no outro dia mandas-te uns panelões de água para a terra, na verdade aquilo parecia mais que estavas a despejar as banheiras do banho. Causaste uns prejuizos incalculáveis, não falando das mortes e vens falar que és contra a violência e que não queres aprender palavrões.
- Olha para tua informação quem mandou a água foi a senhora Carmelinda a mulher da limpeza, podia mandá-la limpar as escadas do inferno mas depois tinha os diabinhos á porta todos molhados a perguntarem se eu lhes emprestava o micro ondas para aquecerem a comida e eu com essa gente quero distância.
- Tens que ser mais aberto.
- Mais aberto?!
- pareces um ortodoxo comunista!
- Lá vens tu com a política!
- Ainda outro dia o velho Pedro se picou nos pés com uma agulha quando saiu para fora das portas do céu.
- Picou-se com quê?
- Com uma agulha que um diabinho tinha deixado á porta, tinha deixado agulhas e casca de limão, isto é o céu não é o da Joana.
- Lá vens tu com a Joana.
Vamos por os pés na terra e entrar na gruta dos comboios, ai vive o negro que gosta de pintar e de cantar rap, agora está a dançar no asfalto. Um dia em conversa com o poeta Alexandre ele disse-me:
- Nós dançamos com a vida e é complicado quando o chão nos faz escorregar, agarramo-nos com todas as forças ás mãos da vida, ela pode não ser o nosso melhor par mas nós acreditamos que aquilo que temos é preferível aquilo que não temos a certeza que será melhor, sofremos pelo amor e amamos o amor na descrença.
- Por momentos agrada-me o silêncio
- E que pensamentos guarda nesse seu silêncio
- O silêncio não é meu, só é uma coisa boa por não ser uma coisa vazia
- como vai a sua investigação?
- ficou tudo pela curiosidade.
- Você conheceu a moça
- sei que vendia lingerie numa boutique e que foi encontrada com sémen nos olhos
- Eu conheci-a mal, a única pessoa que conhece tudo o que se passa é a Dona Alzira, até estou a imaginar o criador a perguntar-lhe: Alzira que sabes tu da vida do teu vizinho do primeiro? é verdade que desviou dinheiro do emprego e tem uma amante? Ó senhor a vida dos outros... é verdade que a mulher tinha casaco de peles e comprava fiado.
- Não sei se já lhe disse mas simpatizo com a Dona Alzira ela é um pouco parecida com a humanidade, não tem história e faz a história deste século, as intrigas dela são uma pequena escala do mapa da política e da guerra do mundo. A Dona Alzira vende fruta e a política tem outro veneno e outro sabor e tudo isto nos leva a um absoluto desencanto.
Entretanto no céu
- Estou a sentir vontade de chorar!
- Andas a ficar sentimental ó faz todas coisas.
- Gosto de poesia, antes a minha mãe quando eu era ainda pequeno organizava recitais no presépio.
- Ia lá muita gente ouvir.
- parece que só a vaca o burro e a ovelha prestavam atenção
- E não havia mais ninguém?!
- Havia os reis magos na ultima fila a ressonar
- Sabes que está cá um grupo de teatro?!
- Aqui no céu?
- Agora estão no inferno
- E de onde são?
- Acho que são espanhóis
- E sabes como se chama a peça?
- D Quixote e o corpo quente de Dulcineia.
- E já os viste representar
- Sim
- Ó faz todas coisas interrompe a mulher que tinha sémen nos olhos, gostava de fazer teatro, quando andava no secundário entrei numa peça, gesticulava ela pondo pó de arroz na cara.
-Calculo que com esse corpo fazias vibrar muitas plateias disse o anjo revolução olhando disfarçadamente para o traseiro redondo da mulher.
- Podíamos descer á terra sugeriu o inspector.
- Descer á terra porquê?!
- Tenho saudades dos meus amigos.
- Mas tu morreste
- Sim mas não vou deixar de ter saudades.
- Mas que íamos fazer á terra?
- Podíamos alugar um corpo e íamos ao futebol.
- Contentem-se com o teatro.
- Podíamos ver o auto da barca do inferno.
- Eu não entro no inferno.
- Mas qual é o teu problema?!
- Prefiro ir ao futebol.
- Vamos alugar um autocarro gritou o inspector tirando do bolso da gabardine um cachecol verde.
- Acho que o melhor é irem vocês.
- Ó faz todas coisas ficas sozinho?
- Não, fico a estudar inglês.
O faz todas coisas ficou a estudar e o canalizador mais o inspector e mais o marido da mulher-a-dias foram todos ao futebol. A mulher que tinha sémen nos olhos foi ao teatro, vestiram todos a pele invisível o que é uma vantagem para almas sedentas de cultura e de desporto. No jogo havia a claque dos anjos negros.
Ficou o faz todas coisas a estudar inglês enquanto o miudo que tinha sido atropelado pelas rodas de um carro de bois andava a saltar e a correr fazendo tremer tudo.
- Olha importas-te de fazer menos barulho, estou a estudar e com o barulho que fazes não me consigo concentrar.
- E onde é que eu brinco.
- É verdade uma criança precisa de brincar, olha! Vai á nuvem do anjo Japonês e pede-lhe para te deixar jogar com a sua play s.
- Ele tem jogos bue de fixes.
- Quais são os jogos.
- Tem os três pastorinhos e o dragão do apocalipse.
- Esse deve ser um pouco violento!
- É tudo a fingir.
- Pode ser mas já é a terceira porta que mandamos por.
- Há outro jogo fixe.
- E qual é?
- o policia gordo derrete as banhas no inferno, é um jogo engraçado.
- Bem vai lá á nuvem do anjo Japonês enquanto continuo os meus estudos.
Ficou faz todas coisas a estudar inglês e na terra num dia de sol e de Domingo vozes vibravam na emoção do espectáculo dos golos, António relator de futebol golos metidos com a força da voz, foi rasteirado na grande área da vida e subiu aos céus na companhia das almas adeptas.
- Faz todas coisas trazemos-te o António a voz da rádio na onda do futebol.
- Trago-te um rádio portátil diz a mulher que tinha sémen nos olhos.
- Para que quero isso?
- para ouvires os relatos de futebol.
- não já tenho barulho que chegue.
- Gostava de entrevistar um árbitro diz o relator António., conhecido também por António voz longa.
- Por agora não é possível.
- Está a impedir o acesso ao direito de informação.
- Não é nada disso, olhe vá para o inferno você e os árbitros
- Isto está a ficar quente diz o inspector
- quando ele está assim o melhor é não dizer nada acrescenta a mulher com sémen nos olhos.
- Desculpe, porque tem sémen nos olhos?
- foi violada por um polícia gordo.
- Na minha aldeia houve uma menina que foi comida por um padre.
- Quando um padre me bater á porta digo-lhe para vomitar tudo
- estamos a falar de comer no sentido sexual diz o relator.
A D. Alzira a respeito dos padres que comem crianças dizia em conversa sobre o assunto que ela estaria disposta a cortar-lhes o dito entre as pernas e que depois metia o dito num envelope e na hora do ir desta para melhor bateria ás portas do inferno e os diabinhos usariam o dito como remédio afrodisíaco ou talvez no céu o anjo cirurgião usasse o dito para transplante. Faz todas coisas tinha decidido que na sua casa só poderia entrar, os loucos, os cómicos, os revolucionários, moças sensuais, crianças e aventureiros e que a entrada ficaria vedada a empresários do futebol, a empreiteiros da construção civil a menos que fossem necessárias obras. Também estaria a entrada vedada a jornalistas, de qualquer das formas o inferno seria a melhor fonte de informação, os mexericos e as intrigas estão todas lá.
- Faz todas coisas esta lá fora uma jornalista da times.
- Que quer ela?
- entrevistar a rapariga que tem sémen nos olhos.
- Concedo-lhe cinco minutos, e nada de fotografias nem qualquer espécie de registo, se ela aceitar tudo bem!
A jornalista e a mulher encontraram-se numa pequena sala, a mulher que tinha sémen nos olhos cruzou as pernas.
- Há quanto tempo está a viver aqui?
- Algum tempo.
- É verdade que foi assassinada.
- Sim
- E quem foi que a matou?
- foi um polícia.
- E pode dizer-me o nome?
- Que importância tem.
- É uma boa história, e as boas histórias são importantes.
- Também o silêncio é importante.
- Posso fumar?
- Não.
- Costuma ser assim arrogante?
- olhe! tenho coisas a tratar, acho que vou fazer as palavras cruzadas, é o melhor dos jornais.
- Bem desejo-lhe um bom dia.
E a jornalista desceu á terra e inventou uma história, teve que usar nomes diferentes e muita gente que leu pensou que já tinha sonhado aquilo. o algibeira descosida achou que o artigo tinha sido baseado no evangelho das tretas. Alzira embrulhou a fruta e respirou profundamente como ansiando novas aventuras
Lobo 05

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sexta-feira, julho 3, 2009 - 03:23
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