O que será? A flor da pele (Chico Buarque)
O que será que me dá
Que me bole por dentro, será que me dá
Que brota à flor da pele, será que me dá
E que me sobe às faces e me faz corar
E que me salta aos olhos a me atraiçoar
E que me aperta o peito e me faz confessar
O que não tem mais jeito de dissimular
E que nem é direito ninguém recusar
E que me faz mendigo, me faz suplicar
O que não tem medida, nem nunca terá
O que não tem remédio, nem nunca terá
O que não tem receita
O que será que será
Que dá dentro da gente e que não devia
Que desacata a gente, que é revelia
Que é feito uma aguardente que não sacia
Que é feito estar doente de uma folia
Que nem dez mandamentos vão conciliar
Nem todos os ungüentos vão aliviar
Nem todos os quebrantos, toda alquimia
Que nem todos os santos, será que será
O que não tem descanso, nem nunca terá
O que não tem cansaço, nem nunca terá
O que não tem limite
O que será que me dá
Que me queima por dentro, será que me dá
Que me perturba o sono, será que me dá
Que todos os tremores me vêm agitar
Que todos os ardores me vêm atiçar
Que todos os suores me vêm encharcar
Que todos os meus nervos estão a rogar
Que todos os meus órgãos estão a clamar
E uma aflição medonha me faz implorar
O que não tem vergonha, nem nunca terá
O que não tem governo, nem nunca terá
O que não tem juízo
Chico Buarque, compositor, escritor e cantor brasileiro, ícone da MPB, com esta maravilhosa
canção, uma obra prima.
Chico Buarque, compositor, escritor e cantor brasileiro, ícone da MPB, com esta maravilhosa
canção, uma obra prima.
Veja o vídeo do Youtube, com a belíssima interpretação em dueto com Milton Nascimento.
[youtube=425,350]http://www.youtube.com/watch?v=q0RjFhymjho&feature=related[/youtube]
Submited by
Poesia :
- Inicie sesión para enviar comentarios
- 1196 reads
Add comment
other contents of AjAraujo
Tema | Título | Respuestas | Lecturas |
Último envío![]() |
Idioma | |
---|---|---|---|---|---|---|
Poesia/Intervención | A uma mendiga ruiva (Charles Baudelaire) | 0 | 11.379 | 07/03/2014 - 01:55 | Portuguese | |
Poesia/Intervención | Coração avariado | 1 | 4.812 | 06/25/2014 - 02:09 | Portuguese | |
Poesia/Fantasía | Flores bonecas | 2 | 3.426 | 06/24/2014 - 19:14 | Portuguese | |
Poesia/Intervención | Caminho de San Tiago | 0 | 4.413 | 06/23/2014 - 23:31 | Portuguese | |
Poesia/Soneto | Há em toda a beleza uma amargura (Walter Benjamin) | 1 | 4.665 | 06/20/2014 - 20:04 | Portuguese | |
Poesia/Soneto | Vibra o passado em tudo o que palpita (Walter Benjamin) | 1 | 4.711 | 06/19/2014 - 22:27 | Portuguese | |
Poesia/Meditación | Sonhe (Clarice Lispector) | 1 | 5.488 | 06/19/2014 - 22:00 | Portuguese | |
Poesia/Intervención | Dá-me a tua mão (Clarice Lispector) | 0 | 5.047 | 06/19/2014 - 21:44 | Portuguese | |
Poesia/Intervención | Precisão (Clarice Lispector) | 0 | 6.207 | 06/19/2014 - 21:35 | Portuguese | |
Poesia/Meditación | Pão dormido, choro contido | 1 | 3.410 | 06/13/2014 - 03:02 | Portuguese | |
Poesia/Fantasía | A dívida | 1 | 3.896 | 06/12/2014 - 03:52 | Portuguese | |
Poesia/Intervención | Eco das Ruas | 1 | 2.578 | 06/12/2014 - 03:38 | Portuguese | |
Poesia/Aforismo | Maneiras de lutar (Rubén Vela) | 2 | 4.480 | 06/11/2014 - 10:22 | Portuguese | |
Poesia/Aforismo | O médico cubano, o charuto e o arroto tupiniquim (cordel) | 2 | 6.358 | 06/11/2014 - 10:19 | Portuguese | |
Poesia/Intervención | Espera... (Florbela Espanca) | 0 | 2.719 | 03/06/2014 - 10:42 | Portuguese | |
Poesia/Intervención | Interrogação (Florbela Espanca) | 0 | 4.183 | 03/06/2014 - 10:36 | Portuguese | |
Poesia/Intervención | Alma a sangrar (Florbela Espanca) | 0 | 2.990 | 03/06/2014 - 10:32 | Portuguese | |
Poesia/Soneto | Vê minha vida à luz da proteção (Walter Benjamin) | 0 | 2.778 | 03/03/2014 - 12:16 | Portuguese | |
Poesia/Dedicada | Arte poética (Juan Gelman) | 0 | 3.711 | 01/17/2014 - 22:32 | Portuguese | |
Poesia/Dedicada | A palavra em armas (Rubén Vela) | 0 | 2.865 | 01/17/2014 - 22:01 | Portuguese | |
Poesia/Fantasía | A ÁRVORE DE NATAL NA CASA DE CRISTO (FIODOR DOSTOIÉVSKI) | 0 | 2.562 | 12/20/2013 - 11:00 | Portuguese | |
Poesia/Dedicada | Aqueles olhos sábios | 0 | 4.571 | 10/27/2013 - 20:47 | Portuguese | |
Poesia/Pensamientos | Asteróides | 0 | 3.165 | 10/27/2013 - 20:46 | Portuguese | |
Poesia/Pensamientos | O que se re-funda não se finda | 0 | 4.067 | 10/27/2013 - 20:44 | Portuguese | |
Poesia/Intervención | Para mim mesmo ergui…(Aleksander Pushkin) | 0 | 3.237 | 10/15/2013 - 23:14 | Portuguese |
Comentarios
Chico Buarque em mais uma de
Chico Buarque em mais uma de suas obras primas, um verso maravilhoso e profundo.