Hoje, matei o meu amor

Hoje, decidi matar o meu amor...
Premeditadamente, de forma perversa
e no entanto tranquilo
sem razão aparente
Hoje, dediquei-me à tarefa de arquitectar o plano perfeito
Pensei em todas as formas de eliminar vestígios
escondendo a minha passagem
destruindo o DNA que gravaste nos sentimentos
as impressões digitais da felicidade
a magia
a eternidade
Hoje, decidi assassinar o meu amor
já que o apagaste da memória
sem qualquer utilidade
Serei o homicida perfeito
Nada restará destes anos de doce escravidão e tortura
Suicídio azul profundo de mágoa e amargura
Podem acusar-me
e confessarei
Não me submetam ao polígrafo
ou a ordálios medievais
Serei julgado pelos meus pares
e aceitarei
Não invocarei atenuantes
provocação
loucura temporária
Apenas como silenciosa e apiedada testemunha
o coração que por ti dura
e vibra ainda intensamente
Descansa, não tenhas medo
não serei a tua sombra escura
Porque hoje, um dia como os outros
de forma pacífica
enquanto lá fora chove triste e suavemente
decidi cumprir a tua vontade
de te fazer cessar dentro de mim
fechando os olhos à ilusão
à ternura e à saudade
e matar sem resquícios de bondade
para sempre e eternamente o meu amor

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Jueves, Septiembre 9, 2010 - 11:03

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Loner

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Re: Hoje, matei o meu amor

Suicídio azul profundo de mágoa e amargura...

fechando os olhos à ilusão
à ternura e à saudade
e matar sem resquícios de bondade
para sempre e eternamente o meu amor...

Um poema desabafo de uma desilusão ou saudade!!!

Poema intenso!!!

:-)

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Re: Hoje, matei o meu amor

No claustro dos sentimentos cumpriu o sujeito poético a pena de penar. A defesa verá, não um acto frio e premeditado, mas um "suicídio azul profundo de mágoa e amargura". A sentença será a absolvição, apesar da tentativa de ludibriar os sentimentos. Assim, fica o poeta condenado a pintar poemas de azul esperança, com a mesma intensidade poética que vemos lavrada neste suicídio...

Beijo
Quimeras

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