Filosofia Sem Mistérios - Dicionário Sintético

EPICURISMO – célebre doutrina criada por EPICURO (341/270 a.C.), discípulo de DEMÓCRITO e “Atomista” como ele. Afirmava, como o seu Mestre, que tudo que existe é formado por Átomos, os quais são a explicação mais elemen-tar, básica para todas as Coisas. Nada existe! Apenas os Á-tomos e o Vazio, espaço por onde os primeiros se movem formando as Coisas, os Seres e até a Alma, que para ele era também formada por átomos materiais. Tudo que acontece deve-se às ações e ajuntamentos ou desagregações de Áto-mos que, assim, criam e dissolvem tudo que existe e que deixa de existir.
Percebe-se que nesse Campo do Saber, EPICURO não se des-tacou, mas é exatamente por causa dessa sua crença que a sua Moral adquiriu formas que a fizeram célebre. A fragilida-de e a efemeridade da Matéria atuaram fortemente em suas Idéias relativas ao Campo da Moral. Para ele, desejar sofre-gamente, sofrer para conseguir, martirizar-se para conservar alguma Coisa física, material era um erro colossal, pois todos os Objetos de Desejo não merecem tanto sofrimento, preci-samente porque são perecíveis, efêmeros e valorizados ape-nas por força de convenções humanas sem qualquer apoio natural. Tudo é destinado ao fim. Inclusive o Homem e é justamente por isso que o mesmo deve viver da melhor for-ma possível, limitando todo desprazer e toda dor ao mínimo possível e isto só acontece para aqueles que sabem dosar seus desejos, evitando a armadilha de se querer algo apenas por sua aparência ou por modismo. Se fosse vivo atualmente, o Consumismo* atual o deixaria horrorizado e certamente corroboraria a sua tese de que o sofrimento é causado pelo desejo inconseqüente e, portanto, exagerado.
É uma proposta, diga-se, muito semelhante à do Hinduísmo que foi tomada pelo Budismo; mas como é fato que tudo – inclusive a filosofia grega – bebeu naquela fonte, deve-se louvar em EPICURO o fato de ele ter trazido essa postura e visão para o Ocidente. Onde, milênios depois, foi retomada por SCHOPENHAUER que coloca no “Desejar Perpétuo” a causa da dor humana.
Para o filósofo, o Verdadeiro BEM é NÃO desejar além da necessidade. O Prazer é eliminar a dor, a qual vem daquele desejar insano e exagerado; logo, estabilidade do Prazer é fazer com que a ausência da Dor seja prolongada o mais possível e, para tanto, deve-se acalmar os Instintos e os De-sejos. Tornar-se indiferente à Dor (física, ou moral imposta por terceiros) e à Alegria fútil que sobrevêm a uma conquista material.
ATARAXIA é o termo grego que significa esse estado de Im-perturbabilidade dos SENTIDOS (tato, paladar, audição ...) e, consequentemente dos Desejos. A partir do momento em que se consegue esse equilíbrio (que alguns chamam de re-signação, outros de apatia, e outros de covardia) a existência do Indivíduo transcorre dentro da maior tranqüilidade possí-vel.
Mas qual seria o critério para se separar o que é o “BEM” e o “MAL”? Para EPICURO, esse critério relaciona-se diretamente com a “Sensação”, que é a impressão que cada Indivíduo tem acerca do que foi captado pelos seus Sentidos. Se a “Sensação” que se tem de algo é exageradamente estimulan-te e vai além da real necessidade – ou seja, é supérflua – sabe-se que aquilo perturbará a ATARAXIA e, por isso, é “O MAL”. O inverso, claro, será “O BEM”. Note-se que não há uma lista genérica e que sirva para todos. Cada qual deverá decidir o que lhe afeta. O que será o “seu Bom ou o seu Mal”
Para EPICURO, o Homem sábio não teme a Morte, pois sabe que tudo terminará quando os Átomos que o compõe se dis-solverem; e para marcar essa posição, há um comentário famoso feito pelo próprio: “não temo a Morte porque en-quanto eu existir, ela não existirá. E quando ela existir, eu é que não existirei”. Outrossim, afirma que o Homem Sábio ao gerenciar seus Desejos e Prazeres aprende a Bem Viver e, por isso, a Bem Morrer. Ao afastar os Prazeres que não são naturais e tampouco reais, o Sábio vive a ATARAXIA em sua forma mais completa, o que o leva a ser indiferente à Dor (que lhe causam terceiros) e ao Prazer exacerbado.
Não raro, o termo EPICURISTA é usado para designar Indiví-duos que tem o “Prazer” como objetivo de Vida. Embora cor-riqueiro, é um Erro Grave que demonstra ignorância ou má fé de quem o comete. O Indivíduo que vive para ter prazeres físicos, carnais, vulgares é adepto do HEDONISMO*, doutrina que veremos alhures. Aqui, quando se fala sobre Prazer, Bem e Mal se está referindo à outra escala de Valores. O Bem, será aquele que é feito a partir da prudência e ponderação em não se entregar à escravidão dos desejos, principalmente os físicos, grosseiros, rasteiros. O Bem é a sensação de que nada perturba a tranqüilidade, a paz de espírito. Por exten-são, para alguns, esse tipo de “Bem” também pode ser asso-ciado com o exercício de virtudes, como a caridade, por e-xemplo. Afinal, quem a faz – com boa vontade e sem má intenção – colhe a sensação de ter sido útil, realmente. E, por causa desse contentamento autêntico, fortalece o Espírito para torná-lo mais capaz de resistir aos Desejos exagerados. O “Mal”, dessa sorte, é a sucumbência aos Desejos desenfreados e às Paixões arrebatadoras e irracionais. Além do Mal praticado contra terceiros, o que em si é quase sem-pre motivado por não se resistir às tentações e ao “Querer” permanente.

Submited by

Martes, Enero 26, 2010 - 20:10

Prosas :

Sin votos aún

fabiovillela

Imagen de fabiovillela
Desconectado
Título: Moderador Poesia
Last seen: Hace 7 años 40 semanas
Integró: 05/07/2009
Posts:
Points: 6158

Add comment

Inicie sesión para enviar comentarios

other contents of fabiovillela

Tema Título Respuestas Lecturas Último envíoordenar por icono Idioma
Poesia/Amor Tua 2 844 11/10/2009 - 01:38 Portuguese
Poesia/Amor Amor na Maturidade 5 1.396 11/09/2009 - 04:56 Portuguese
Poesia/Amor Ausente 3 1.285 11/08/2009 - 22:49 Portuguese
Poesia/Amor Chuva 3 809 11/06/2009 - 23:58 Portuguese
Poesia/Soneto A Autora 3 1.625 11/05/2009 - 01:31 Portuguese
Poesia/Soneto Lilian 3 1.587 11/04/2009 - 13:44 Portuguese
Poesia/Tristeza Dia dos Finados 2 790 11/03/2009 - 03:24 Portuguese
Poesia/Dedicada Poetas do Amapá 3 876 11/02/2009 - 05:32 Portuguese
Poesia/General Manhã de Domingo 2 516 11/02/2009 - 04:41 Portuguese
Poesia/Amor Fotografia 3 719 11/01/2009 - 02:07 Portuguese
Poesia/Soneto Pecado 3 1.179 10/31/2009 - 04:01 Portuguese
Poesia/General Lógica 2 1.001 10/29/2009 - 20:59 Portuguese
Poesia/Tristeza E pensar 2 936 10/26/2009 - 00:09 Portuguese
Poesia/Soneto Princesa Anastasia 2 1.323 10/24/2009 - 03:48 Portuguese
Prosas/Otros ARISTOTELISMO - Filosofia Sem Mistérios - Dicionário Sintético 1 681 10/19/2009 - 04:22 Portuguese
Prosas/Otros ASCETISMO - Filosofia Sem Mistérios - Dicionário Sintético 1 1.586 10/18/2009 - 23:00 Portuguese
Poesia/General Fado 2 1.098 10/17/2009 - 02:36 Portuguese
Poesia/General Relativo Absoluto 1 1.091 10/15/2009 - 18:32 Portuguese
Poesia/Soneto Noêmia e Agmon 2 948 10/14/2009 - 19:03 Portuguese
Poesia/General Maiakóvski 3 1.336 10/10/2009 - 16:11 Portuguese
Poesia/General Noites 4 1.305 10/07/2009 - 19:30 Portuguese
Poesia/Dedicada O Menino 2 655 10/05/2009 - 20:20 Portuguese
Poesia/Tristeza Frio 2 822 10/03/2009 - 15:21 Portuguese
Poesia/Tristeza O menino e o berimbau 2 957 09/29/2009 - 16:28 Portuguese
Poesia/General Dúvidas 1 499 09/27/2009 - 23:40 Portuguese