Sonhalimento

conheço-te das decisões coloridas. Daqueles momentos sem sombra, sem sol, mas com curva de inteligência. O que eu chamo de demonstrações cabais de se saber o que se está a fazer aqui em cima, antes que o lá em baixo nos coma o cérebro, e o transforme em arco-íris de dias chuvosos de outono. Achava-te graça quando falavas. Arredondavas os assuntos até que deles só restasse os pequenos gatos que entrecortam as tendas das feiras barulhentas, e cheias de pessoas contentes com as migalhas da vida. Via-te também como vida, a música da exacta medida das frases aludidas. Das interjeições que caíam bem só pelo suspiro. Só pelo respirar certo.
Lembro-me das tardes em que só mesmo com o silêncio, nos entendemos como actores de palco desmontado. Como os que ficam após as representações, só para dizer que amanhã é outro dia de fingimento. Quero-te tão bem por tudo isto. Por seres companheira. Arredia dos maus momentos. Risonha nos bons. A dizer sempre que a existência só cabe nas nossas inconstâncias.

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Miércoles, Marzo 31, 2010 - 15:58

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