Póstumo Amor

Eu nunca soube o que fazer diante dos teus arroubos infantis. Quando dançava descalça no meio da sala, rodopiando de olhos fechados - mais parecendo voar - meu coração contigo fazia par. Eu emudecia, enquanto por dentro derretia. Nunca te disse, Teresa, o quanto era ensolarado o teu amanhecer. O quanto as tuas pálpebras semicerradas, dando bom dia ao dia que vinha, me enchiam o peito de ternura e a alma de uma felicidade incrivelmente plena - quase pueril. E quando ajoelhava no jardim, bolerando cantigas pras sementes brotarem autoconfiantes, cheias de si? Era bonito demais ver tuas mãos cheias de terra acariciando as folhas que cortava - pra dar mais força aos galhos - seus dedos doces lhes pedindo desculpas pelas inevitáveis feridas. Eu sempre soube que a força vinha de ti, meu amor, mas emudecia. Calado sofria por em tempo algum dessa vida inteira ao teu lado, ter te olhado com olhos de amor. Com os meus olhos do amor infinito que sinto por ti. E agora que você se foi - pra onde a minha falsa indiferença não te alcance - fico aqui à míngua, sentindo a falta sufocante do teu sol. Sofrendo a ausência do teu calor de menina, do alto do salto dos seus 80 anos. Chorando tudo o que você me foi, sem nunca ter me exigido nada além do quase nada que eu te dei. E quando eu te encontrar, Teresa, amor meu, minha princesa, esteja certa: vou te dar um abraço tão apertado, mas tão apertado, que sem precisar dizer nenhuma palavra, você vai ouvir roçar lá no fundo do peito o que eu sempre soube, mas você talvez desconheça - Eu te amo com todas as minhas forças. E vou te amar pro resto da minha morte.

Submited by

Lunes, Abril 12, 2010 - 20:51

Prosas :

Sin votos aún

sylviaharujo

Imagen de sylviaharujo
Desconectado
Título: Membro
Last seen: Hace 14 años 20 semanas
Integró: 04/12/2010
Posts:
Points: 73

Add comment

Inicie sesión para enviar comentarios

other contents of sylviaharujo

Tema Título Respuestas Lecturas Último envíoordenar por icono Idioma
Fotos/Perfil 3474 0 928 11/24/2010 - 00:55 Portuguese
Prosas/Otros Invencionice 0 652 11/19/2010 - 00:03 Portuguese
Prosas/Drama Pontual 0 702 11/19/2010 - 00:03 Portuguese
Prosas/Drama Degradação 0 592 11/19/2010 - 00:03 Portuguese
Prosas/Drama Concomitantes 0 634 11/19/2010 - 00:03 Portuguese
Prosas/Contos Adiante 0 639 11/19/2010 - 00:03 Portuguese
Prosas/Otros Ensolarada 0 680 11/19/2010 - 00:03 Portuguese
Prosas/Drama Paternidade 0 678 11/19/2010 - 00:03 Portuguese
Prosas/Drama Exaustão 0 555 11/19/2010 - 00:03 Portuguese
Prosas/Lembranças Póstumo Amor 0 647 11/19/2010 - 00:03 Portuguese
Poesia/Pensamientos Pra brotar no meu quintal 0 696 11/18/2010 - 16:01 Portuguese
Poesia/Pensamientos Engasgo 3 719 04/19/2010 - 16:11 Portuguese
Poesia/Tristeza Camisolenta 1 687 04/15/2010 - 17:17 Portuguese
Poesia/Pensamientos Poesia 1 573 04/15/2010 - 16:14 Portuguese
Poesia/Pensamientos Óbvio 1 627 04/15/2010 - 15:37 Portuguese
Poesia/Aforismo Medo 2 571 04/15/2010 - 00:33 Portuguese
Poesia/Meditación Apreço 2 605 04/13/2010 - 20:24 Portuguese
Poesia/Amor A giz 3 651 04/13/2010 - 19:12 Portuguese