Havia um espírito cheio de pregos

Havia um espírito cheio de pregos que atravessou a parede do quarto. São dez horas, tenho consulta no hospital psiquiátrico.
- Você acredita em mim Dr?
- Um momento! Tenho que fazer uma chamada.
- Também tenho medo de telefones, acho os telefones parecidos aos dinossauros.
- Espere um pouco... por favor gostava de falar com o Dr Graciano, sim... saiu para o almoço, sabe quando regressa ao banco?! não sabe.
- Como eu lhe estava a dizer, o tal espírito, esse cheio de pregos, aproximou-se de mim, queria dar-me um abraço. Sabe eu nunca fui de intimidades, claro que por causa de viver sozinho e de precisar como toda a gente de afectos, mas como deve imaginar ter uma amizade com um espírito com pregos não é compatível. Em tempos joguei futebol, jogava na rua, ainda sei fazer dribles e olhe que driblar um espírito com pregos não deve ser fácil. Sinto-me exausto, pensei ir no posto da GNR, levava-lhes como prova um prego enferrujado, o tal espírito não deve ter levado a vacina contra o tétano, sempre tive medo de vacinas, medo de agulhas, sabe Dr acha que o tal espírito, esse cheio de pregos quer experimentar a acupunctura?! O Dr está a ouvir-me? Parece que adormeceu, talvez ele esteja com o meu problema.

lobo 010

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Miércoles, Abril 28, 2010 - 17:05

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