Soprar o Vento

Nas nuvens apenas céu
ou castelos de ilusões,
sopra o vento,
sopra... e tudo cai!

E o que sobra e permanece,
chega-te? Serve-te?
Responde-te, no escuro da tarde?
Não te interessa, vês somente
trevas de algodão e cristal.

Olhas de frente o Mal,
procurando tão-só um só Anjo!
Terno ser de tristezas
indeléveis, nuvem
de mistérios,
com asas de algodão e de cristal
embebidas em sangue quente.

Queres uma breve voz,
que te diga: sim, às vezes não,
porquê, para quê, ou então?

Perscrutaste o espaço, o anjo voou,
a voz emudeceu-se
e o céu clareou.
Sobre as brumas dos tempos
soçobra matéria apenas, nenhuns sentimentos.

Sopra o vento,
sopra
e tudo vai...
escassamente o Tempo sobra e permanece.