Os ventres grávidos dos pàssaros

As mágoas que batem em meu peito
são como pedras em espaço vazio,
não molham,
não quebram,
nem respiram.
Sinto-me transportar aos ombros
todas as estrelas do universo,
rastejando a coberto de sombras amortalhadas.

Os ventres grávidos de pássaros,
que vejo a toda a hora na minha cabeça crispada,
que desafiam o meu silencio sem limites,
são as águas da renuncia,
as inconstâncias dos sobrados podres
que soçobram à intempérie dos loucos,
são o delírio oculto das almas
que buscam os segredos das velhas arcas,
nos sótãos da vida,
onde, outrora alvos e incólume, apodrecem os linhos.

Quero sobreviver ao meu destino,
mesmo aceitando a promiscuidade do poente
fechado às sensações que respiram
pelos ouvidos das trevas.
Busco nas águas transparentes
um rosto salvador das amendoeiras
que tentam florir em meu peito resfriado.

Lamento a clausura da morte
que a todos condena à terra.

Serão estas linhas o fruto perene,
a imagem sem passado,
que no desencontro das crenças,
são o sinónimo duma felicidade perdida?
 

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Lunes, Febrero 28, 2011 - 12:54

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AFreitas

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Os ventres grávidos dos pàssaros

Lindo poema, gostei muito, mes parabéns!

Um abraço,

MarneDulinski

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