CIRCO

CIRCO

Não me sobram os amigos,

Nem amores.

Tenho os ensinamentos do passar das décadas.

Uns e outros cada vez mais escusos.

No fundo do desgosto,

Na intermitência das distâncias,

No hábito de uma vida escrita no sangue,

Chegam por portas dentro do peito

Dos olhos

Da pele.

Deixam palavras por tratar

Desfilando

Numa pista de carne

Sem tempo

Sem espaço.

Porque os domadores estão distantes das minhas vísceras

E das sensações do meu corpo.

Sou o palhaço com dores d’alma

No circo de Inverno,

No vai e vem no trapézio dos afectos.

Na pista molhada de lágrimas

Exercitam-se novos amigos

Novos amores

Prestes a tornarem-se ilusionistas do abstracto.

A tenda está montada.

Vendem-se ingressos das idas e regressos

Assistam!

O palhaço vai chorar,

O trapezista cair na inexistência

Da rede das preces,

O ilusionista tirar-me-á da cartola

Dos solitários.

Fiquem!

Os amigos e amores

Tirar-me-ão desta vida turva

Apagando o meu nome dos seus

Momentos de aurora.

Não sobram muitos dias de Inverno

Ao peito

Aos olhos

À pele

Para que na carne fique eternamente gravada

À dor da solidão de um circo

Que se odeia e ama!

JFV

 

Submited by

Miércoles, Marzo 2, 2011 - 14:24

Poesia :

Su voto: Nada (1 vote)

JOSEFVICENTE

Imagen de JOSEFVICENTE
Desconectado
Título: Membro
Last seen: Hace 13 años 48 semanas
Integró: 03/02/2010
Posts:
Points: 438

Comentarios

Imagen de Susan

No circo da vida  no

No circo da vida 

no picadeiro da estrada 

a alam toda esgarçada 

cançada do inverno o inferno da estação ....

Muito bom ,gostei  imenso e me vi nos teu versos .....

Beijos

Susan]

ps: já sentia a tua falta por aqui !!!!

Imagen de MarneDulinski

CIRCO

Lindo texto, meus parabéns,

MarneDulinski

Add comment

Inicie sesión para enviar comentarios

other contents of JOSEFVICENTE

Tema Título Respuestas Lecturas Último envíoordenar por icono Idioma
Ministério da Poesia/General RESSALVA 0 575 11/19/2010 - 18:26 Portuguese
Ministério da Poesia/Desilusión MULHER 0 1.085 11/19/2010 - 18:26 Portuguese
Ministério da Poesia/Aforismo O VAZIO 0 978 11/19/2010 - 18:26 Portuguese
Ministério da Poesia/General NADA SEI DA VIDA 0 694 11/19/2010 - 18:25 Portuguese
Ministério da Poesia/Aforismo LIVRO EM BRANCO 0 761 11/19/2010 - 18:25 Portuguese
Ministério da Poesia/Aforismo A vida afoga-me os olhos 0 610 11/19/2010 - 18:25 Portuguese
Ministério da Poesia/Aforismo As mãos sujas de terra 0 537 11/19/2010 - 18:25 Portuguese
Ministério da Poesia/Amor O DESEJO DE INSTANTES 0 669 11/19/2010 - 18:25 Portuguese
Ministério da Poesia/Aforismo SERENO 0 606 11/19/2010 - 18:25 Portuguese
Ministério da Poesia/Aforismo SERENO 0 657 11/19/2010 - 18:25 Portuguese
Ministério da Poesia/Aforismo Não se pode descansar 0 632 11/19/2010 - 18:25 Portuguese
Ministério da Poesia/Aforismo A DOR DOS SENTIDOS 0 697 11/19/2010 - 18:25 Portuguese
Ministério da Poesia/Aforismo AQUELE ABRAÇO 0 803 11/19/2010 - 18:25 Portuguese
Ministério da Poesia/Aforismo TELEFONEMA 0 620 11/19/2010 - 18:25 Portuguese
Ministério da Poesia/Aforismo SEM MEMÓRIA 0 702 11/19/2010 - 18:25 Portuguese
Ministério da Poesia/Aforismo ELIXIR DA JUVENTUDE 0 757 11/19/2010 - 18:25 Portuguese
Ministério da Poesia/Aforismo FIM DE ANO 0 792 11/19/2010 - 18:25 Portuguese
Ministério da Poesia/Aforismo CLARidade 0 1.008 11/19/2010 - 18:25 Portuguese
Ministério da Poesia/Aforismo Sou como o silêncio 0 697 11/19/2010 - 18:25 Portuguese
Ministério da Poesia/Aforismo Sou como o silêncio 0 693 11/19/2010 - 18:25 Portuguese
Ministério da Poesia/Aforismo Maior que a terra 0 913 11/19/2010 - 18:25 Portuguese
Ministério da Poesia/General ALFINETADAS A ALGUNS EFES 0 684 11/19/2010 - 18:25 Portuguese
Ministério da Poesia/Aforismo NATUREZA 0 926 11/19/2010 - 18:25 Portuguese
Ministério da Poesia/Aforismo Garras em duelo 0 700 11/19/2010 - 18:25 Portuguese
Ministério da Poesia/Aforismo Noivos das sombras 0 854 11/19/2010 - 18:25 Portuguese