CIRCO

CIRCO

Não me sobram os amigos,

Nem amores.

Tenho os ensinamentos do passar das décadas.

Uns e outros cada vez mais escusos.

No fundo do desgosto,

Na intermitência das distâncias,

No hábito de uma vida escrita no sangue,

Chegam por portas dentro do peito

Dos olhos

Da pele.

Deixam palavras por tratar

Desfilando

Numa pista de carne

Sem tempo

Sem espaço.

Porque os domadores estão distantes das minhas vísceras

E das sensações do meu corpo.

Sou o palhaço com dores d’alma

No circo de Inverno,

No vai e vem no trapézio dos afectos.

Na pista molhada de lágrimas

Exercitam-se novos amigos

Novos amores

Prestes a tornarem-se ilusionistas do abstracto.

A tenda está montada.

Vendem-se ingressos das idas e regressos

Assistam!

O palhaço vai chorar,

O trapezista cair na inexistência

Da rede das preces,

O ilusionista tirar-me-á da cartola

Dos solitários.

Fiquem!

Os amigos e amores

Tirar-me-ão desta vida turva

Apagando o meu nome dos seus

Momentos de aurora.

Não sobram muitos dias de Inverno

Ao peito

Aos olhos

À pele

Para que na carne fique eternamente gravada

À dor da solidão de um circo

Que se odeia e ama!

JFV

 

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Miércoles, Marzo 2, 2011 - 14:24

Poesia :

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JOSEFVICENTE

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Comentarios

Imagen de Susan

No circo da vida  no

No circo da vida 

no picadeiro da estrada 

a alam toda esgarçada 

cançada do inverno o inferno da estação ....

Muito bom ,gostei  imenso e me vi nos teu versos .....

Beijos

Susan]

ps: já sentia a tua falta por aqui !!!!

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CIRCO

Lindo texto, meus parabéns,

MarneDulinski

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