O mar e tu
Quando vou a passar de carro, e olho para o mar lembro-me de ti.
Não sei onde fui buscar comparação mais estúpida.
Mas quando reparei na fúria com que as ondas rebentavam, lembrei-me de como me tratavas. Julguei que fosses a pessoa mais fantástica à face do mundo. Mas apercebi-me de que afinal não eras o que o meu coração teimava em me dizer. Porque não ouvi a cabeça invés do coração? Porque as pessoas quando apaixonadas têm de ser tão estúpidas? Não entendo como é que pude ser tão burra. Muitos sinais me davas, mas como eu via apenas as tuas qualidades. Será que tinha posto os óculos cor-de-rosa e apenas via aquilo que queria? Mas se for isso, eu não quero. Não quero ver um mundo feito para mim. Quero ver o mundo, tal e qual como ele é.
O mar, no verão costuma ser mansinho, quando as ondas rebentam é com pouca força que quase nem se sente. Quando te conheci, eu senti-me assim, percebi que era impossível gostares de mim, pelo menos da maneira de que eu gostaria.
Depois existe dias, talvez poucos, que o mar parece uma autêntica lagoa. Quando começamos a namorar. Tudo parecia ser mágico. Ai que desgraçada de vida! Como me pude deixar iludir desta maneira? Não percebo, porque não continuei como estava. Eu estava tão bem sozinha. Mas apenas via como tu eras uma pessoa maravilhosa, ai que doce engano! Porque é que te estou a comparar com o mar? O mar não tem culpa da minha burrice. Porque é que nunca pensei que talvez, quem sabe, ficar sozinha. Tudo bem, não iria para um convento, mas isso não quer dizer nada, podia ficar completamente sozinha. Quer dizer, também, completamente sozinha não, tinha montes de amigos. Porque é que eles não me mostraram a verdade? Será que afinal não tenho amigos? Será que estou sozinha no mundo? Não, o coração não me poderia ter enganado relativamente a tanta coisa. Por favor, meu coração, se gostas de mim, diz-me a verdade, em que me mentiste? Porque me mentiste? Eu tenho cara de quem esteja feliz com mentiras, tenho cara de quem pareça feliz por ter perdido um amor da sua vida. Não tenho pois não, por isso vê se paras de me dizer o que fazer, e deixas a mente trabalhar.
No final do Verão, existe umas semanas que se chamam Marés vivas, porque o mar começa a ficar aborrecido de tanto tempo ter estado quieto. Quando começaste a mudar de atitude comigo, nunca julguei que me fosses desiludir daquela maneira. Porquê? O amor que sentia por ti parecia não acreditar no que via. Como é que a mente não venceu o coração e me disse para acordar para a vida. Maldito coração! Porque me deixas sempre enganar, porque me deixas ficar desamparada, sem um chão. Queres que eu caia? Olha que não falta muito para ceder ao teu desejo mais profundo. Porque é que as pessoas desiludem tanto umas às outras? Ai, porque é que nos criaste tão debilitados? Se fossemos como os animais, não teríamos sentimentos, não teríamos de sofrer por amor, que é uma doença incurável. Porque é que não podemos ser todos fortes, e sem sentimentos? Éramos todos muito mais felizes. Eu sei que nunca poderíamos sentir o amor de uma pessoa por nós, mas para quê? Isso apenas dura um bocado, nada disso dura para sempre, pois quando acabasse o nosso tempo de felicidade, teríamos de sofrer para compensar a felicidade que tivemos.
Porque mudaste de atitude comigo? Quer dizer, agora sei, eu é que comecei a ver como era realmente. Mas porque me fizeste isto? Eu merecia? Que coisa fiz, que te deixasse tão zangado, que não conseguisses perdoar-me e que me tivesses de dar tão horroroso castigo?
Depois, quando começa o Outono, o mar começa a estar mais livre para fazer tudo o que quer. Começa a comer a areia que devolveu no verão, começa a encurtar o espaço de passeio. Também no Outono, quem é que vai passear? Quando tu começaste a deixar-me para trás. Estavas com os teus amigos e não te interessavas por mim. Estavas no teu canto, e não admitias que eu te fosse chatear. Porque fazes isso comigo? Eu não entendo, será que te disse algo que te magoou? Por favor, não faças isso comigo, eu não aguento.
No final do Outono, início de Inverno, para o mar, é a sua estação preferida. Ninguém tem mão nele. Parece que estava louco que a estação chegasse para começar a fazer estragos. Parece quando tu acabaste comigo, quando me disseste que assim já não dava mais. Eu fiquei boquiaberta, e depois apercebi-me que não estava surda. Tu tinhas-me usado. Usas-te e deitaste fora, quando já não precisavas de mim. Estás a ver coração? Por tua culpa, não só fiquei sozinha, mas como agora fiquei desorientada, e tu? Sim tu, coração, apesar de teres tido culpa, também ficaste partido. Se calhar até sofreste mais do que eu. É bem feita, por não teres acreditado na cabeça. Talvez agora aprendas a ver o amor com outros olhos, e de preferência com olhos da verdade.
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