Meias Palavras

Tu no sofá, rosto virado para o canto
Noto que alguma coisa te entristece
Gostaria de saber o que aborrece
Teus olhos à margem desse amargo pranto.

Em comum vivemos a dor do desencanto
Como já é habitual, porque parece
Que cada dia que vai embora permanece
Mas quanto mais sou infeliz menos me espanto;

Tenho teu amor, ainda bem, como consolo
Capricho pessoal de um homem tolo
Razão dos erros todos que cometo;

Pois pra mim és mais que bela - és a beleza
Uma visão, uma ilusão, uma certeza
E outras coisas que não cabem no soneto