CANÇÃO AO YIN

CANÇÃO AO YIN

Mulher
que gera a vida.
Assim, muito da força e coragem
envolvidos nessa fraqueza fatal,
nesse desamparo sensual.
Mulher
dá à luz
o universo a cada dia.
Mulher
você paga
o preço terrível
da vida.
Você paga pelas alterações climáticas,
Pelos pecados mortais
daqueles que nunca sentiram
as batidas de um coração,
a respiração do cosmo infinito,
nem vislumbraram a emoção da criação...
Mulher,
é o mundo
cercada por cores,
vitalidade, ternura,
risos e fantasias...
Porque apesar do
sentido cinza,
da escuridão,
da falta de luz
e de oxigênio,
como uma planta,
você se esforça
para fotossintetizar
saúde e vitalidade,
para irradiar beleza
para arejar esperança
e para florescer a vida.
Mulher, você é tudo
em sua amplitude;
em seu ser infinito
guarda o amor, a razão
e a confiança
vive em seus olhos.
Mulher,
o mundo não é justo
(nunca o foi)
para você nem para esses seres
inocentes,
sinceros e carinhosos
que são os animais.
Quem governa este mundo
é o poder, não os ideais.
Eu penso em minha mãe
e penso na vida.
Penso na infinitude
de devoção, de amor e de sacrifício
de cada fêmea quando dá à luz,
alimenta e protege sua ninhada
e penso no amor e na ternura...
Isso não se paga,
não é remunerado,
e, raramente, é reconhecido...
Você, mulher,
está cercada por borboletas,
rosas, arco-íris,
asas, sol, vento,
árvores, mar e sentimentos.
Mulher , você é natureza,
estrelas, vida,
sol e céu...
Luta contra a guerra e a fome,
a violência e a injustiça
a partir de seu jardim de flores;
limpa com suas lágrimas doces o mar da indiferença
e lava as perversões
da economia, do capital e dos juros
com sua dor, sua angústia e seu suor...
Você é a vida
e dá à vida.
Cria energia
à base de amor.
Eu sei que você é luz
apesar da tristeza
e da desorientação
que a atrapalham.
E, apesar da doença e da morte,
rejuvenesce, cresce e floresce
na verdade da sua deiscência
em cada primavera,
em cada esperança,
em cada sonho,
em cada vida
que está nascendo
e em cada ilusão
que renasce
e grita para ser feliz;
apesar do crime,
do ódio,
das paixões,
do caos
e da mesquinhez.
Mulher
é a paz
que refresca
o universo.
Você é o sorriso
que adoça
a amargura;
a carícia
que cura feridas
e o calor
que ao horror espanta.
Você é esse cactus altruísta
que só floresce no deserto...
Matriz universal,
tutora do amor,
criadora dos sonhos,
o riso e a doçura.
Você pode não salvar os
que mais necessitam,
mas você pode com a sua ternura
mudar a mentalidade,
o planeta, talvez...
Provoca o efeito borboleta;
uma da suas lágrimas
sacode o mundo...
e as ondas de calor e de luz
que brotam de seu coração
envolvem a ionosfera
com uma aura quente de ternura.
Mulher,
é infinita
e perfeita;
você vai sair
à luz,
voando como um beija-flor
nas asas das borboletas
e das cores...
Você renascerá e o mundo
renascerá com você
nessa verdade
íntima e imensa
que é a sua esperança...
Mulher, você é a vida.

María Luisa Landman R.
Versão portuguesa de María Luisa Landman R.
Meus agradecimentos a Antônio Jackson de S. Brandão