À beira da estrada que a lágrima esconde


Por detrás do tempo, o silêncio.
O suspiro em manto de asas feridas, saudade.

Depois do tempo, a cura sara a incerteza.
Dos olhos paira a dor sem fôlego para duvidar.

Por detrás do corpo, a alma.
Insana sobre desejos que nos beijam à toa.

Depois do corpo, emoções fazem-se sentir
ilegíveis em busca de mais e mais.

Por detrás da voz, as promessas.
Afagos devolvidos sem trampolim
que caem em caudais no nó da ilusão.

Depois da voz, palavras distorcidas
queimam véus de água turva, céus de vergonha.
Ventos que enlodam o copo do tempo com desgosto.

Por detrás da vida, as flores.

Nascem selvagens, crescem
em aragens apaixonadas para morrerem
à beira da estrada que a lágrima esconde, longe.

Depois da vida, murcham memórias paradas
nos rascunhos da paisagem silenciada em adeus.

Por detrás da poesia, os poetas.
Apregoam sentimentos desabafados
em abafo escuro e carrasco, ao acaso.

Depois da poesia, musas rasgam a luz,
estendem-se nos lábios canção escrita em sorriso.

Por detrás do sonho, a realidade.
Desmaiada no picotado de um mapa
esquecido nas rugas das mãos, o caminho por ir.

Depois do sonho, passos curtos.
Pesadelos acordados gelos ao sol que raia o grito.

 

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Viernes, Mayo 13, 2011 - 03:43

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Henrique

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