A fronteira

Meu amor, olha para o horizonte atrás de mim, e vê o sentimento que se derrama pelas fendas do tempo.
Não tem importância que meu início tenha se tornado na verdade meu fim...
O início sempre encerra um fim, e, meu amor, não te enganes quando ouvires os dizeres daquele que não vê a face que se esconde atrás da máscara do nascimento.

Sim, o sentimento que carrego no meu peito arde brutalmente,
E, em minha mente, imagens sobrepostas a palavras sussurradas giram com velocidade hipersônica...
Louca, realmente sem juízo.

E aqueles dizeres estampados em todos os cantos? Diáfanos, mas ao mesmo tempo estranhamente opacos. É, meu amor, sente o poder do estranho colapso da alma,
E aqueles dizeres estampados aqui neste mundo prometendo o infinito...
Uma ilusão, e meu começo é sempre meu fim.

Colapso d’alma! Compreendes isso? Não basta o que diz o tempo?
Meu amor, não percas minutos esperando a concretização de uma quimera, não iludas teu próprio ser, busca a vida; ela, que teve fim desde o início.
Olha meu rosto, sente minh’alma... calmamente analisa a profundeza de meus olhos.

Ah, como posso expressar o que sinto? Tu que não entendes o que se passa em meu ser?
Como posso expressar por meio de palavras o que não pode ser dito? Aforismos não resolvem tal caso... nem versos, nem canção,
(Nem meu pranto...)

Meus olhos encerram o segredo que tento traduzir por meio de palavras, mas tu não compreendes de fato o que enxergas. Apenas sorri diante de minha confusão, e sussurra palavras melosas, as quais entram em meu peito e aumentam minha dor...

(Mesmo tu, neste vasto mundo de dúvidas, sussurras palavras que aumentam meu desalento...)

O tempo, este senhor que se agarra ao meu coração, mina a cada momento minhas forças, e tento renascer como fênix,
Mas o fogo que arde em mim também está se apagando.

(E estou agora... agora mesmo... perdendo as palavras...)

Nada, nem mesmo a alegria das auroras, tem o poder de erguer aquele que experimentou o fim desde o nascimento.
Pois vejo, a cada dia, a verdade deste ser que sou. Sinto também em minh’alma o colapso da própria existência, que não existe por si só,
Que só existe enquanto existo,
E o que existirá depois será diferente do que existe agora,
Porque o que compreendo do mundo desaparecerá, naturalmente, comigo.

Mas o tempo continuará depois de meu mais um fim; este, que dará início a uma nova era, tempos de novos amores, ciclos de ilusões...
E o sorriso daquele que nasce contrastará com o choro daquele que parte,
Daquele que, assim como eu, compreende que entre nós existe um outro elemento...

(A FRONTEIRA entre o começo e o fim)

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Viernes, Enero 23, 2009 - 12:59

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andersonc

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Comentarios

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Re: A fronteira

Um poema com razão e sentimento!!!

:-)

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Re: A fronteira

Num tom intimista, escreves um belo texto, assente na bipolaridade da digressão dos sentimentos...pensamentos.

será o fim ou apenas um começo?

Beijo

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Re: A fronteira

(E estou agora... agora mesmo... perdendo as palavras...)

Quantas e quantas vezes perdemos as palavras, ficando apenas a alma como testemunho das nossas viagens.

Renasces como fénix neste belo poema.

beijo

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