Anjo

Vi-te, sublime anjo,
E sucumbi ao teu encanto:
Vesti-me com a morte,
Despi-me da vida.
Agora, a alma foge-me,
Levada pelo vento
Que me fustiga o rosto.

Fecho os olhos,
E já não vejo o mundo.
Mas ainda te vejo,
Diabolicamente pura:
Teu olhar cristalino,
Teu corpo virginal,
Tua melíflua inocência.

E essa imagem rouba
O pouco que de mim resta,
E eu caio fatigado
Neste interminável pesadelo,
Fantasma de prazer
Que me despedaça
Em milhares de lágrimas.