Correndo para o abismo

 

Correndo pela cidade sem ter a mínima ideia de como parar ou voltar atrás. Foi assim que
começou a minha viagem surpreendente. Não sabia porque corria, mas ia cada vez mais rápido
e com menos tracção. Motos por todo o lado, lixo espalhado pelo chão, e até um tanque de
guerra pairava sobre um quintal, que antes tivera uma bela horta. Chocava com as pessoas que
passavam por mim: o merceeiro da esquina que usava um avental cheio de flores, a peixeira
ambulante, o vendedor de enganos, o profeta das ruas. Mas a velocidade aumentava cada vez
mais. Eu não mandava nos meus membros, nem na minha mente. Estava posto ali para correr sem
saber porquê. Sem ter tempo para parar e beber um café cremoso ou para respirar calmamente
a brisa junto ao miradouro. Corria, corria como nunca correra até então. A boca parecia
secar com sede, mas logo uma chuva copiosa se abateu sobre mim. Da pureza da chuva descobri
o aroma da água (amarga). Passaram muitos quilómetros, muitas avenidas, curvas e esquinas, muitas
pessoas com diferentes sentimentos. Mas ninguém corria como eu. Não era dia de maratona, não
era ladrão a fugir da polícia. Que era então? O futuro foi-se estreitando, o passado foi
pesando, acumulando-se nas falésias dos passos. Tudo terminou num ápice: Um subida íngreme,
duas pernas cansadas, um coração desolado... e uma coragem perdida. O fim da viagem para um
soldado inquieto. Mataste-me com o teu desprezo.

 

rainbowsky

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Miércoles, Junio 22, 2011 - 09:52

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rainbowsky

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Correndo sem olhar correndo

Correndo sem olhar
correndo sem destino
e caindo...
batendo aqui e ali nas esquinas da vida.

Fugindo das lembranças do passado
Encalhado no presente, que aos teus pés se abre.

A dor do amor desprezado.

 


Tinha tantas saudades tuas!
De te ler..

Beijos

 


 

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Rainbowsky

Excelente prosa poética.

Beijo

Nanda

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