Cidade, Sociedade

Se ontem foi novidade,
Hoje se tornou banalidade,
Se o acaso é frequente,
Torna chata sua gente,
Se a emoção na vida se perdeu,
É hora de adotar um novo Deus,
Se a teoria ficou chata,
É hora de passá-la para prática,

Suas crianças apodrecem na escola,
Sua fama já é mais do que inglória,
E no final você acaba indo embora,

Seu discurso é sempre igual,
Um dia vai acabar mal,
Você exala frases prontas,
Deixa as pessoas todas tontas,
Mesmo sem ter sede pelo poder,
Mesmo sem ver os de conduta enriquecer,
Você continua a crer,
Que alguma coisa vai acontecer,

Não cabe a guitarra nem o violão,
Sua bagagem é só de mão,
Se tá perdido,
Na estrada de ouro da ilusão,
Se tá perdido,
Sua única amiga é a solidão,

De manhã se ouvia,
Todos andando em companhia,
Alguns poucos empresários,
Ocupados em parecerem solitários,

Mas pensando bem,
Eu também não tinha ninguém,
Entrei num bar sem perceber,
Sentei numa cadeira sem o que fazer,
Olhei suas almas com a minha,
Seguida de arrepios na espinha,
E como um pássaro a voar,
Eu só podia continuar a buscar,
O que eu não sei,
Nem nunca saberei,

Os mesmos sinos,
Que anunciavam o meio-dia,
Anunciavam o começo de outro dia,
E no final da tarde,
O vento estudava sua face,
Nas costas pelos ombros,
Escorriam cabelos longos,
Seus olhos claros e castanhos,
Atraiam olhares estranhos,
Ela parou e olhou desconfiada,
Como se o tempo tivesse parado,
Eu ofereci alguns cigarros,
Mas ela já tinha dois maços,
As palavras vieram mas fugiram,
Gotas de suor pela testa caíam,
Ela riu e disse enquanto ia embora,
"A gente se vê por aí outra hora",
Depois o dia passou,
Uma noite sem lua chegou,
E como um pássaro a voar,
Eu só podia continuar a buscar,
O que eu não sei,
Nem nunca saberei,