Maria Boneca de Porcelana

Hastes de bonecos sem cabeça e sem chão,
Nos jornais, apenas mais animais em exposição,
Todos sobras de um dia,
Que poderiam selar a sua dor,

Alergia a um destino sensato,
Caindo na descrença teísta,
Pisando em falso ao pousar de um salto,
Banhada na saliva do altruísta, em vão,

Maria abandonou tudo o que sentia,
Partiu sem deixar bilhete fugindo do terror,
Da realidade, para a irrealidade,

Nas veias, o sangue corria tão forte,
Enquanto procurava esperança, sem sorte,

Á tarde a paz parecia finalmente voltar,
Á noite a guerra acabava de começar,

Suas filosofias agonizavam sem parar,
Suas ideologias foram para não voltar,
Se ontem servia, hoje não tem mais senhor, e o dia parecia não acabar,

E enquanto dela se divertiam em troca de moedas,
Não sabia porque abandonou tudo mais,
Sem dinheiro, amor, sem casa e sem pais,
Antes tinha tudo, hoje já não é nada além de uma boneca que quebrou,
Dela, nenhum pedaço restou.