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O MEU EU E O OUTRO
O meu eu e o outro
Quando não sei onde acaba o eu,
E começa o outro algo em mim se perdeu,
Possivelmente já perdi a objetividade,
Tenho de lutar contra esta irracionalidade,
Estão em causa os meus sentimentos,
Amarrados os meus encantamentos,
Que me impedem de ver a vida real,
E posso julgar o que vejo como virtual.
Eu como observador e o observado,
Apenas o exterior está a ser pensado,
Crio uma barreira externa que me impede,
De o ver por dentro de ânimo leve,
Pois lá não consigo chegar à fortaleza,
Apenas os olhos vêem, com certeza,
O acto de julgar pode ser enganador,
Em lugar de vencer sou um perdedor.
Esta divisória entre o julgador e o julgado,
Existe um espaço que está murado,
Que eu não vejo e pelas palavras tento,
Entrar dentro do outro pensamento,
Mas entre o pensamento e as palavras,
Muitas decisões são enganadas,
Até posso condenar um inocente,
E livrando da morte quem mente.
O conhecimento seguro pode andar à deriva,
Sem que a certeza das coisas eu consiga,
A objetividade pode conduzir a uma alienação,
Do facto irreal da minha observação,
Sem eu perceber o conteúdo pessoal,
Do observado e que lhe pode ser fatal,
Pela barreira o pensamento que não me deixa ver,
Aquilo que a seguir pode acontecer.
Posso planear, tentar conhecer o observado,
E eu como observador posso ficar enganado,
Pois o campo externo que os meus olhos vêem,
Verdades ou mentiras se detêm,
E tudo num ápice se pode transformar,
No meu julgamento que do outro posso pensar,
Pois o meu eu sei bem onde ele está,
E o outro existe e eu, tento saber o seu lugar.
Tavira, 24 de Julho de 2012-Estêvão
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