CONCURSOS:

Edite o seu Livro! A corpos editora edita todos os géneros literários. Clique aqui.
Quer editar o seu livro de Poesia?  Clique aqui.
Procuram-se modelos para as nossas capas! Clique aqui.
Procuram-se atores e atrizes! Clique aqui.

 

Amor por Anexins - Cena II

CENA II

ISAÍAS (Deita com precaução a cabeça pela porta do fundo.) — Porta aberta, o justo peca. (Avançando na ponta dos pés.) A ocasião faz o ladrão. Preciso estudar o gênio desta mulher: antes que cases, olha o que fazes. Dois gênios iguais não fazem liga; se a pequena não me sai ao pintar, para cá vem de carrinho. É preciso olhar para o futuro: quem para adiante não olha atrás fica; quem cospe para o ar cai-lhe na cara, e quem boa cama faz nela se deita. Resolvi casar-me, mas bem sei que casar não é casaca. Alguém dirá que resolvi um pouco tarde, porém, mais vale tarde que nunca. Deus ajuda a quem madruga, é verdade; mas nem por muito madrugar se amanhece mais cedo. Procurei uma mulher como quem procura ouro. Infeliz até ali! Vi-as a dar com um pau: bonitas, que era um louvar a Deus de gatinhas; mas... nem tudo o que luz é ouro; feias também que era um deus-nos-acuda; mas muitas vezes donde não se espera, daí é que vem. Quem porfia mata caça dizia com meus botões, e não foi nada, que enquanto o diabo esfrega um olho, cá a dona encheu-me... o olho. Pois olhem que não me passou camarão pela malha... Esta é viúva e costureira... Estou pelo beicinho, e creio que estou servido. Quem já deu não tem para dar, é certo; mas, ora, adeus! quem muito quer muito perde. Já tomei informações a seu respeito: foram as melhores possíveis; mas como o saber não ocupa lugar, e mais vale um tolo no seu que um avisado no alheio, observei-a. Eu sou como São Tomé: ver para crer. Vi-a andar sempre sozinha... e nada de pândegas! Dize-me com quem andas, dir-te-ei as manhas que tens. (Examinando a casa.) Boa dona-de-casa parece ser! Asseio e simplicidade. Pelo dedo se conhece o gigante. Há de ser o que Deus quiser: o casamento e a mortalha no céu se talham. (Reparando.) Ai, que ela aí vem! (Perfilando-se.) Coragem, Isaías! Lembra-te de que um homem... (Atrapalhando-se.) é um gato e um bicho é um homem! Disse asneira.

Submited by

quinta-feira, abril 16, 2009 - 00:05

Poesia Consagrada :

No votes yet

ArturdeAzevedo

imagem de ArturdeAzevedo
Offline
Título: Membro
Última vez online: há 14 anos 19 semanas
Membro desde: 04/15/2009
Conteúdos:
Pontos: 450

Add comment

Se logue para poder enviar comentários

other contents of ArturdeAzevedo

Tópico Título Respostas Views Last Postícone de ordenação Língua
Poesia Consagrada/Teatro Uma Véspera de Reis - Cena XVIII 0 454 11/19/2010 - 15:53 Português
Poesia Consagrada/Teatro Uma Véspera de Reis - Cena XIX 0 662 11/19/2010 - 15:53 Português
Poesia Consagrada/Teatro A Filha de Maria Angu– Ato Terceiro - Cena II 0 695 11/19/2010 - 15:53 Português
Poesia Consagrada/Teatro A Filha de Maria Angu– Ato Terceiro - Cena III 0 569 11/19/2010 - 15:53 Português
Poesia Consagrada/Teatro A Filha de Maria Angu– Ato Terceiro - Cena IV 0 1.041 11/19/2010 - 15:53 Português
Poesia Consagrada/Teatro A Filha de Maria Angu– Ato Terceiro - Cena V 0 1.053 11/19/2010 - 15:53 Português
Poesia Consagrada/Teatro A Filha de Maria Angu– Ato Terceiro - Cena VI 0 1.146 11/19/2010 - 15:53 Português
Poesia Consagrada/Teatro A Filha de Maria Angu– Ato Terceiro - Cena VII 0 668 11/19/2010 - 15:53 Português
Poesia Consagrada/Teatro A Filha de Maria Angu– Ato Terceiro - Cena VIII 0 854 11/19/2010 - 15:53 Português
Poesia Consagrada/Teatro Uma Véspera de Reis - Introdução 0 716 11/19/2010 - 15:53 Português
Poesia Consagrada/Teatro Uma Véspera de Reis - Cena I 0 448 11/19/2010 - 15:53 Português
Poesia Consagrada/Teatro Uma Véspera de Reis - Cena II 0 512 11/19/2010 - 15:53 Português
Poesia Consagrada/Teatro Uma Véspera de Reis - Cena III 0 1.007 11/19/2010 - 15:53 Português
Poesia Consagrada/Teatro Uma Véspera de Reis - Cena IV 0 607 11/19/2010 - 15:53 Português
Poesia Consagrada/Teatro Uma Véspera de Reis - Cena V 0 555 11/19/2010 - 15:53 Português
Poesia Consagrada/Teatro A Filha de Maria Angu– Ato segundo - Cena V 0 517 11/19/2010 - 15:53 Português
Poesia Consagrada/Teatro A Filha de Maria Angu– Ato segundo - Cena VI 0 715 11/19/2010 - 15:53 Português
Poesia Consagrada/Teatro A Filha de Maria Angu– Ato segundo - Cena VII 0 728 11/19/2010 - 15:53 Português
Poesia Consagrada/Teatro A Filha de Maria Angu– Ato segundo - Cena VIII 0 683 11/19/2010 - 15:53 Português
Poesia Consagrada/Teatro A Filha de Maria Angu– Ato segundo - Cena IX 0 892 11/19/2010 - 15:53 Português
Poesia Consagrada/Teatro A Filha de Maria Angu– Ato segundo - Cena X 0 743 11/19/2010 - 15:53 Português
Poesia Consagrada/Teatro A Filha de Maria Angu– Ato segundo - Cena XI 0 780 11/19/2010 - 15:53 Português
Poesia Consagrada/Teatro A Filha de Maria Angu– Ato segundo - Cena XII 0 1.011 11/19/2010 - 15:53 Português
Poesia Consagrada/Teatro A Filha de Maria Angu– Ato segundo - Cena XIII 0 819 11/19/2010 - 15:53 Português
Poesia Consagrada/Teatro A Filha de Maria Angu– Ato segundo - Cena XIV 0 633 11/19/2010 - 15:53 Português