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A Filha de Maria Angu– Ato Terceiro - Cena VIII
Cena VIII
Todos os personagens deste ato
(Todos, ao fundo, ouviam as últimas palavras de Chica e Bitu.)
Coro - Ah! ah! ah! ah!
Segredo, olá!
Que todo mundo sabe já!
Bitu - Este senhora é muito minha!
Qu’remos passar!
Clarinha (Aparecendo.) - Mais devagar!
Todos - Clarinha!...
I
Clarinha - Estás aí, Chica Morais?
Tem paciência: ouvir-me vais,
Pois me fizeste, por traição,
Ir ter cum velho solteirão!
Ó coisa ruim, não julgues tu
Que eu chore a perda do Bitu,
Canalha a vil que a quem mais der
Vende o jornal, vende a mulher!
Com ele podes tu ficar!
Luvas te devo até pagar!
Livre fiquei, graças ao céu,
De semelhante chichisbéu!
A mão lhe dá de esposa
E o mundo então dirá:
Não é lá grande coisa;
mas casada está!
Coro
- Que tal a rapariga?
Arrasa o seu Bitu!
Não há que se lhe diga!
Bem mostra ser Angu!
II
Chica Valsa - Estás aí, Clarinha Angu?
Ouve também agora tu,
ó donzelinha, que a falar,
Um batalhão fazes corar!
não te faz conta o meu Bitu,
Porque o prender não podes tu;
Se ele aceitasse o teu amor,
Tu lhe darias mais valor...
Porém sabendo ficarás...
Não faço empenho no rapaz;
Casem-se, e não mostres assim
Tão negra inveja ter de mim!
A mão lhe dá de esposa, etc.
(As duas chegam às vias de fato; Sampaio vai separa-las e apanha bordoada)
Sampaio - Um bofetão me pespegou, senhora!
Chica Valsa - Quem é você? Não me dirá?
Sampaio (Tirando as barbas.) - Não me conheces agora?
Chica Valsa - Também você? Ah! Ah! Ah! Ah! Ah!
Todos - Ah! Ah! Ah! Ah! Ah! Ah!
Sampaio (Furioso) - ‘Stou zangado!
‘Stou danado!
Vou de cólera saltar!
Ó senhora,
Sem demora
Vamos contas ajustar!
Bitu - A Chiquinha
Só é minha!
Não a podes maltratar!
Meu amigo,
Só comigo
Terá contas a ajustar!
Todos - Mas que é isto?
Jesus cristo!
Não precisam disputar!
Tudo agora
Sem demora
Vai-se elucidar!
(Confusão geral)
Clarinha - Cesse o rumor! basta de bulha!
(A Chica Valsa.) Dá-me tua mão!
Chica Valsa - Pois queres apertar...
Clarinha Não faças caso: isto foi pulha!
Não deve a gente se zangar!
Chica Valsa(Apertando a mão de Clarinha.) - Pois bem!
Sampaio - Mas ouçam cá!
Clarinha (A Sampaio.) - Neste momento
O que de melhor vai fazer,
Pra reputação não perder,
É aceitá-la em casamento!
Chica Valsa - E eu dou-lhe o meu consentimento!
Em casa do juiz agora um baile invento!
(A Sampaio.) Queira-me acompanhar.
(Entra na casa do Juiz da Festa acompanhada por Sampaio.)
Coro - O que irá ela ali buscar?
Barnabé (A Clarinha, que tem estado a chorar.)
- Que vejo! Choras tu, Clarinha?
Clarinha - Eu não...
Barnabé - Tu sim, que vendo estou!
Coro - Então tu choras?
Clarinha (Enxugando os olhos.) - Já passou!
Bitu - Arrependeu-se a sinhazinha?
Oh! se assim foi, eu lhe ofereço a mão!
Clarinha - Você não me conhece, não!
De raiva é que é este choro!
De raiva é que isto é!
Perdi o meu tesouro!
Perdi o Barnabé!
(Estendendo a mão a Barnabé, sem olhar para ele.)
Pois se eu lhe disser :”Toca”
Ele é capaz, até
De oferecer-me em troca,
Em vez da mão... o pé...
Barnabé (Tomando-lhe a mão com amor.) - Eu te juro!
Eu rejuro
Pelas cinzas do meu pai,
Ó Clarinha
Vida minha,
Que o passado já lá vai!
Coro - Que nobreza!
Que franqueza!
Que vergonha pro Bitu!
Que barbeiro
Cavalheiro!
Casa-se Clarinha Angu!..,
Bitu (À parte.) - Ah! lá se vai o meu amor
Como a mamã, porém, fará!...
O que for
Soará...
Chica Valsa (Voltando, acompanhada por Sampaio.)
- Eu convido este ilustre auditório
Pra na casa dançar do juiz!
Barnabé - Ai, meu Deus! como eu sou feliz!
Vou celebrar meu casório!
Chica Valsa - Pois vai casar-se mais alguém?
Quem?
Clarinha - De Maria Angu
A filha é noiva de Barnabé!
Sou Clarinha Angu!
Filho de peixe peixinho é!
Olhem cá!
Vejam lá!
Sou Clarinha Angu!
Coro - De Maria Angu
A filha é noiva de Barnabé!
É Clarinha Angu!
Filha de peixe peixinho é!
Olhem cá!
Vejam lá!
É Clarinha Angu!
<(Cai o pano)>
FIM
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