CONCURSOS:
Edite o seu Livro! A corpos editora edita todos os géneros literários. Clique aqui.
Quer editar o seu livro de Poesia? Clique aqui.
Procuram-se modelos para as nossas capas! Clique aqui.
Procuram-se atores e atrizes! Clique aqui.
Cancioneiro - Intervalo
Intervalo
Quem te disse ao ouvido esse segredo
Que raras deusas têm escutado —
Aquele amor cheio de crença e medo
Que é verdadeiro só se é segredado?...
Quem te disse tão cedo?
Não fui eu, que te não ousei dizê-lo.
Não foi um outro, porque não sabia.
Mas quem roçou da testa teu cabelo
E te disse ao ouvido o que sentia?
Seria alguém, seria?
Ou foi só que o sonhaste e eu te o sonhei?
Foi só qualquer ciúme meu de ti
Que o supôs dito, porque o não direi,
Que o supôs feito, porque o só fingi
Em sonhos que nem sei?
Seja o que for, quem foi que levemente,
A teu ouvido vagamente atento,
Te falou desse amor em mim presente
Mas que não passa do meu pensamento
Que anseia e que não sente?
Foi um desejo que, sem corpo ou boca,
A teus ouvidos de eu sonhar-te disse
A frase eterna, imerecida e louca —
A que as deusas esperam da ledice
Com que o Olimpo se apouca.
Fonte: http:// www.ciberfil.hpg.ig.com.br
Submited by
Poesia Consagrada :
- Se logue para poder enviar comentários
- 2320 leituras
Add comment
other contents of FernandoPessoa
Tópico | Título | Respostas | Views |
Last Post![]() |
Língua | |
---|---|---|---|---|---|---|
Poesia Consagrada/Geral | Poesias Inéditas - A 'sperança, como um fósforo inda aceso | 0 | 1.161 | 11/19/2010 - 15:54 | Português | |
Poesia Consagrada/Geral | Poesias Inéditas - A tua voz fala amorosa... | 0 | 1.655 | 11/19/2010 - 15:54 | Português | |
Poesia Consagrada/Geral | Poesias Inéditas - Aqui está-se sossegado | 0 | 1.289 | 11/19/2010 - 15:54 | Português | |
Poesia Consagrada/Geral | Poesias Inéditas - Aqui neste profundo apartamento | 0 | 990 | 11/19/2010 - 15:54 | Português | |
Poesia Consagrada/Geral | Poesias Inéditas - Árvore verde | 0 | 1.021 | 11/19/2010 - 15:54 | Português | |
Poesia Consagrada/Geral | EPITHALAMIUM IV | 0 | 833 | 11/19/2010 - 15:54 | Português | |
Poesia Consagrada/Geral | EPITHALAMIUM V | 0 | 1.019 | 11/19/2010 - 15:54 | Português | |
Poesia Consagrada/Geral | EPITHALAMIUM VI | 0 | 1.365 | 11/19/2010 - 15:54 | Português | |
Poesia Consagrada/Geral | EPITHALAMIUM VII | 0 | 803 | 11/19/2010 - 15:54 | Português | |
Poesia Consagrada/Geral | EPITHALAMIUM VIII | 0 | 923 | 11/19/2010 - 15:54 | Português | |
Poesia Consagrada/Geral | EPITHALAMIUM IX | 0 | 1.407 | 11/19/2010 - 15:54 | Português | |
Poesia Consagrada/Geral | EPITHALAMIUM X | 0 | 1.208 | 11/19/2010 - 15:54 | Português | |
Poesia Consagrada/Geral | EPITHALAMIUM XI | 0 | 746 | 11/19/2010 - 15:54 | Português | |
Poesia Consagrada/Geral | EPITHALAMIUM XII | 0 | 941 | 11/19/2010 - 15:54 | Português | |
Poesia Consagrada/Geral | EPITHALAMIUM XIII | 0 | 1.065 | 11/19/2010 - 15:54 | Português | |
Poesia Consagrada/Geral | EPITHALAMIUM XIV | 0 | 931 | 11/19/2010 - 15:54 | Português | |
Poesia Consagrada/Geral | EPITHALAMIUM XV | 0 | 519 | 11/19/2010 - 15:54 | Português | |
Poesia Consagrada/Geral | EPITHALAMIUM XVI | 0 | 508 | 11/19/2010 - 15:54 | Português | |
Poesia Consagrada/Geral | EPITHALAMIUM I | 0 | 1.041 | 11/19/2010 - 15:54 | Português | |
Poesia Consagrada/Geral | EPITHALAMIUM II | 0 | 1.199 | 11/19/2010 - 15:54 | Português | |
Poesia Consagrada/Geral | EPITHALAMIUM III | 0 | 568 | 11/19/2010 - 15:54 | Português | |
Poesia/Meditação | Tudo que faço ou medito | 1 | 1.499 | 03/02/2010 - 03:35 | Português |
Comentários
Breve, o dia em que decidi ser alguma coisa,
Breve, o dia em que decidi ser alguma coisa,
Espuma de mar cavado na sarração do vento.
Acordo no meio de uma conspiração d’ondas e horas
E dedico os últimos minutos a tentar definir o tempo
E lembro-me de não querer ser capitão d’coisa alguma
Sobretudo no dia de hoje que acabará d’manhã bem cedo,
Ainda me pus a olhar o futuro, sem solução à vista ou relógio d’pulso
E, na vigia baça da embarcação, abocanho um curto sonho,
Um sonho em vão, de quem espera horas e horas o fio,
Mas breve, breve como as ondas no bojo preto deste navio
Cargueiro. Vi passar o rápido, das nove e um quarto,
Branco, branco…Tinha na face, a expressão da glória antiga,
E eu aqui no porão, como um rato num ínfimo labirinto,
Hostil e angustiado sob o peso da máquina universal do atraso.
Ah, se eu estivesse atrasado dezoito horas na vida,
Começava tudo outra vez, à meia-noite e vinte em ponto
E seria mais um livro, posto na prateleira, sem paciência
Pra ser lido, contudo, sinto-me vivo como um nado-morto,
Embalado pelo dever de viver, ao lado de cada dia, de cada segundo,
Sem força para detestar tudo o que me é imposto,
Pela absurda tripulação de estibordo.
Ah, se eu tivesse ambição, provocaria um motim de praças
E partiria de malas feitas, por esse mundo sem fim,
Decerto seria alguma coisa, com mais sabor que não engodo
De peixe balão, batata de sofá, asceta gordo de time-sharing
Ou marajá da sanita. Descubro que sou, metade, tempo perdido,
Metade, escrita ilúcita e imaginação no intervalo, mudo de cor,
Ao estilo de camaleão do campo… sem título.
Breve, o dia em que decidi ser, coisa alguma,
Um zero, num fim metafórico de cena, uma réplica de sino,
Uma causa pequena, onde o vento, faz tempo não sopra
E dedico os últimos minutos, A TENTAR DEFINIR A ESPERANÇA.
Joel Matos
(01/2011)
http://namastibetpoems.blogspot.com