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O Ermitão de Muquém – Pouso Quarto: O ermitão – Capitulo IV: O muquém

O dia já vinha clareando as ermas ribanceiras do Tocantins, e as brisas da manhã, que sopravam frescas, começavam a varrer o tênue vapor branco que a noite estendera sobre as águas como um rio de leite, e que despegava elevando-se em níveos flocos por sobre a coma verde-escura das florestas. As selvas enchiam-se de murmúrios, de cantos de aves e gritos de animais de toda a espécie. As águas ressoavam ao saltitar dos peixes, que aqui e acolá faziam brilhar ao sol suas luzentes escamas. Nuvens de aves aquáticas cortando os ares abatiam o vôo e vinham pousar ao longo das praias; a alva e esbelta garça, mais bela que o cisne, o guará e o colhereiro alardeando a beleza de sua mimosa plumagem cor-de-rosa, o corpulento e pesado jaburu, o pato silvestre com suas escuras penas luzentes como o aço polido, e mil outras aves de diversas espécies e tamanhos esvoaçavam, passeavam ou nadavam em bandos por ambas as margens, enquanto pelas altas ramagens, que se debruçavam mirando-se na torrente, miríades de pássaros de mil qualidades batendo as asas inquietas e fazendo imensa algazarra com seus pios e gorjeios, e os sagüis e caxinglerés gritando e saltando de árvore em árvore ou balançando-se nos ramos e cipós das brenhas emaranhadas, enchiam as selvas de vida, bulício e rumor. Ali a anta membruda arrojando-se na água fazia esvoaçarem sobressaltadas com grande ruído uma chusma de aves aquáticas; além a lontra esbelta e viva de um salto emborca-se no rio dando caça aos peixes e surge além tendo atravessada na boca a prateada pirapitinga ou a crumatã de escamas de ouro.

No meio de todas aquelas cenas tão cheias de vida e de beleza de uma natureza virgem e fecunda, Gonçalo ia passando insensível sem nada ver nem ouvir, como o espectro de um condenado através das galas e regozijos de um esplêndido festim. Imóvel, com a fronte descaída sobre o peito, concentrado em seus pensamentos e rodeado dos fantasmas que sua consciência evocava dos túmulos, dir-se-ia um cadáver ou estátua do desespero, se de espaço em espaço um ligeiro e convulsivo movimento lhe não agitasse os membros.

Foi só quando o sol, reverberando todo o seu esplendor sobre a superfície das águas, inundou de luz as pálpebras meio cerradas de Gonçalo, que este despertou de seu profundo e doloroso cismar. Só então Gonçalo, apercebendo-se de que era levado pelas águas de uma caudalosa torrente sem saber para onde, lembrou-se de tomar o remo e dirigir sua canoa... para onde?

O primeiro pensamento de Gonçalo, logo depois de sua luta com Inimá, fora deixar-se levar pelas águas abaixo, até que ele e sua canoa se despedaçassem e submergissem precipitados por alguma cachoeira. Mas a reflexão, o silêncio e a noite tendo-lhe acalmado e esclarecido o espírito, e tendo compreendido que era vontade do céu que ele vivesse, pensou seriamente no destino que devia tomar. Levado durante toda a noite pela torrente abaixo, Gonçalo não sabia em que paragens se achava. Difícil lhe seria regressar pelo rio acima, e nem quereria jamais tornar a ver os sítios fatais em que o céu o fulminara com o mais cruel dos infortúnios. Largar o rio e embrenhar-se sozinho por aquelas imensas selvas e solidões desconhecidas infestadas de Bugres e animais ferozes era também empresa por demais trabalhosa e arriscada. Portanto Gonçalo julgou mais acertado e seguro descer em sua canoa pelo álveo do rio, que lhe oferecia estrada natural e franca até chegar à povoação da Palma, que julgava não dever estar muito longe. Arrancou de si e arrojou ao rio as armas e todos os mais adornos selváticos com que estava ataviado, calcou indignado aos pés o cinto em que se encerrava o amuleto do Africano, e conservando consigo somente com religioso cuidado a medalha da Virgem, tangeu sua canoa pelo Tocantins abaixo, confiando seu destino às águas do rio e à proteção do céu.

Assim em luta contínua com uma multidão de trabalhos, obstáculos e perigos, umas vezes rodando precipitadamente arrebatado por perigosas corredeiras, outras vezes tangendo à força de remo a sua canoa pela torrente nimiamente serena e preguiçosa, sofrendo cruéis privações e alimentando-se apenas de alguns frutos silvestres, que colhia pelas margens, chegou depois de longa e penosa viagem à povoação da Palma.

Os habitantes daquele lugar, ao verem chegar sozinho a suas praias aquele homem quase nu, cobrindo-se apenas com um pequeno saiote, que lhe cingia os rins e lhe descia até os joelhos, e um grande couro de onça, que lhe servia de capa e de leito, com cabelos e barbas compridas, esquálido e extenuado, uns possuídos de terror não ousavam aproximar-se cuidando ver algum fantasma ou algum monstro vomitado pelo rio; outros o tomando por algum louco igualmente o evitavam; não poucos também julgando-o algum Bugre feroz ou algum malfeitor estavam a ponto de o apedrejar. Esta primeira impressão porém não durou por muito tempo; pelo abatimento e profunda tristeza que se lia na fisionomia de Gonçalo, e por suas palavras cheias de senso, que nada condiziam com seu bizarro e selvático exterior, em breve compreenderam que aquele estranho personagem não era mais que uma vítima da sorte, a quem longos trabalhos e desgraças tinham reduzido àquele deplorável estado, e o acolheram com caridosa hospitalidade.

Ali tomou Gonçalo o hábito de ermitão, e viveu por algum tempo em profundo retiro na prática de assíduas e austeras penitências, subsistindo das esmolas do povo, que o estimava e venerava como a um santo, posto que ignorasse completamente quem era ele, e donde tinha vindo. Mas um vivo desejo de peregrinar pelo mundo o preocupava de contínuo, e sua alma inquieta e atormentada pelos remorsos, aos quais não achava lenitivo nem nas orações, nem nos jejuns e penitências, era agitada por um secreto pressentimento de que o céu o chamava a outros lugares a fim de cumprir uma piedosa missão, que ainda não lhe fora revelada.

Gonçalo deixou portanto a Palma, e embrenhou-se por sertões desconhecidos passando voluntariamente uma vida de ásperas mortificações e penitências. Vagueou por um largo tempo através dos ermos com um bordão à mão e um saco às costas, vivendo de esmolas ou de frutos e legumes silvestres, tendo por leito o chão frio e duro, por teto a ramagem das florestas ou a abóbada úmida de alguma lapa cavada pela natureza no viso das montanhas. Mas nem assim conseguia acalmar os pungentes remorsos que lhe atormentavam a consciência. Os fantasmas de suas vítimas o acompanhavam por toda a parte como a sombra de seu corpo, e noite e dia lhe torturavam a alma. O grosseiro e parco alimento que tomava parecia-lhe ensopado em lágrimas e sangue. À noite espectros sinistros o ansiavam e enxotavam-lhe o sono das pálpebras requeimadas de prantos e vigílias. Com os olhos amortecidos, as faces pálidas e macilentas, o corpo emagrecido e alquebrado, parecia um espectro surgido dos túmulos, e ninguém mais reconheceria nele a figura atlética e garbosa do vigoroso mancebo de outrora. Errante de povoação em povoação, de fazenda em fazenda, muitas vezes também estacionava entre as hordas selvagens, que o respeitavam e veneravam como um pajé, e conhecedor de sua linguagem e costumes procurava não sem algum resultado doutriná-los e reduzi-los ao grêmio da religião cristã. Mas não podia persistir por muito tempo entre eles, pois que os hábitos e usanças dos índios, suas festas e todas as cenas que entre eles presenciava, lhe despertavam na alma amargas e pungentes lembranças desse tempo tão cheio de extraordinárias peripécias que passara entre os Chavantes.

Também nas aldeias e habitações dos brancos, além dos tormentos que lhe infligia sua própria consciência, não lhe faltavam ocasiões de dissabores, e ouvia por toda a parte contar-se com todos os seus horríveis pormenores a história do hediondo atentado que perpetrara na pessoa de seu amigo, e que se tornara célebre em toda a capitania, e era forçado a dizer — amem — a todas as tremendas execrações que caíam sobre o assassino de Reinaldo. Era mais uma humilhação e um castigo, que aceitava resignado em expiação de suas enormes culpas. Esses mesmos que o veneravam e lhe beijavam o hábito como a um santo, sem o saber execravam sua memória e enchiam seu nome de maldições, e assim em vez de ensoberbecer-se com essas mostras de respeito e veneração, que lhe tributavam, mais humilhado e confuso se achava aos olhos da própria consciência.

Depois de longas e contínuas peregrinações pelos desertos, pelas fazendas e choupanas sem poder achar consolação nem repouso em parte alguma, Gonçalo apareceu por fim na povoação de S. José do Tocantins. Seu corpo fraco e extenuado definhava de mais a mais, e parecia um prodígio a ardente e infatigável atividade que o animava ainda a despeito de todos os jejuns, macerações e fadigas a que se sujeitava. Parecia que sua alma estava prestes a exalar-se daquela frágil prisão corpórea; mesmo assim porém, mesmo apesar das orações, penitências e mortificações a que se entregava, Gonçalo, não achando lenitivo algum às cruéis tribulações de seu espírito, vagava sem repouso pelos ermos os mais inóspitos e desabridos, exposto a todos os rigores do tempo, como o Édipo da fábula perseguido pelas Eumênides, ou como o Aasvero da legenda cristã em seu eterno peregrinar.

Um dia, oprimido de cansaço e de sede, e acabrunhado de mortal tristeza, chegou a um sítio ermo e silencioso, sem horizonte nem perspectiva alguma, a um triste e retraído vale rodeado de morros áridos e de aspecto lúgubre, cobertos de uma vegetação enfezada e rasteira. Tudo era ali mudez e solidão; uma só ave não piava pelos ramos amarelados dos arbustos, nem se ouvia rumor que denunciasse a existência de ente vivo por aquelas soturnas e melancólicas paragens. Apenas ouvia-se o vento a farfalhar pelas ramas ressequidas dos matagais e o burburinho de um córrego a desfiar por uma grota pedregosa, triste como a reza monótona murmurada ao pé do ataúde de um finado... Gonçalo desceu à grota, matou a sede, e depois ajoelhou-se para dar graças ao céu, e encomendar sua alma a Deus, pois pensou ser ali o último pouso de sua peregrinação sobre a terra. Gonçalo, se é lícito comparar uma frágil criatura humana com a divindade, estava então como o Cristo nessa hora de profundo abatimento, nesse momento de suprema agonia, em que no monte das Oliveiras junto à torrente do Cedron, sozinho e abandonado por seus discípulos, suou sangue e sentiu sua alma desfalecer e vacilar ao receber o cálix do martírio, que um anjo lhe apresentava. Gonçalo não tinha, como o divino Redentor, sobre o seu coração todo o peso dos pecados de um mundo para remi-los com seu sangue, mas tinha a consciência oprimida por suas imensas e enormes culpas, e sentia também sua alma desfalecer à míngua de consolo e de esperança. O mundo para ele não era mais que um vasto cemitério, um vale fúnebre de lágrimas e misérias; só no céu poderia achar o repouso e alívio por que em vão suspirava; mas surdo às suas preces, lágrimas e penitências, o céu para ele era de bronze, e de lá não baixava consolação nem lenitivo às cruéis tribulações de sua alma. Ali derramou ele lágrimas ardentes de contrição e arrependimento, implorou do íntimo da alma a misericórdia divina sobre seus enormes pecados, beijou com fervorosa devoção a imagem da Virgem, encostou-se sobre a relva à beira do córrego, e adormeceu ou antes caiu em um letargo, que mais era prostração e desfalecimento do que sono.

Então lhe aparece em sonho a Virgem Mãe de Deus tal qual se achava esculpida na medalha, porém rodeada de todo o esplendor de sua celeste glória, e diz-lhe:

— Gonçalo, grandes e inumeráveis têm sido os teus crimes; mas consola-te, que eles te serão perdoados, porque sempre em tua vida, quer na prosperidade, quer na desgraça, invocaste o meu nome e imploraste com fé viva a minha intercessão, e porque tua contrição é verdadeira, e grande tem sido a tua penitência e arrependimento. Mas em expiação de tuas culpas, e para que volte a paz à tua consciência, é mister que leves a efeito uma obra piedosa e santa, que compense largamente em benefícios à humanidade os danos e males que lhe tens causado. Ânimo, pois! não desalentes, que eu serei contigo até a tua última hora.

Meio acordado meio adormecido Gonçalo abre os olhos; mas a gloriosa visão não se desvanece e ele a vê distintamente ir pouco a pouco se afastando e desaparecer no interior de uma lapa vizinha. Gonçalo ergue-se imediatamente, corre àquele lugar, penetra na lapa, e ali encontra em um nicho de pedra bruta uma grande e bela imagem da milagrosa Virgem. A esta vista o ermitão sentiu um raio de alegria banhar-lhe o coração, e abraçado com os pés da Santa verteu lágrimas de júbilo e gratidão. Sua missão acabava de lhe ser revelada pelo céu por um modo solene e miraculoso; ali mesmo pois prostrado aos pés da imagem prometeu erigir-lhe uma capela naquele mesmo sítio e junto àquele mesmo córrego onde fora visitado pela beatífica visão. Era esta sem dúvida a missão piedosa e santa que lhe era imposta pelo céu; era ali naqueles ermos que sua celeste protetora queria ter altar e cultos, e em seu amor e comiseração pelos males que afligem a humanidade, derramar suas graças e favores por todos os fiéis que com fé viva e sincera devoção ali viessem implorar o seu valioso patrocínio.

Depois daquela celeste aparição Gonçalo sentiu sua alma aliviada do peso enorme que o acabrunhava; a graça divina tinha baixado sobre seu coração.

A esforços seus e com o auxílio dos fiéis em pouco tempo erigiu-se a capelinha, que até hoje ainda ali existe com a invocação de Nossa Senhora da Abadia, e para a qual foi trasladada com grande pompa e solenidade a imagem achada ou antes mostrada pelo céu a Gonçalo.

Apenas edificada a capelinha começou logo a influência dos devotos, que vinham fazer penitência, oferecer à Santa suas esmolas, e igualmente beijar o hábito do piedoso ermitão, que aí passou o resto de seus dias zelando o santuário da Virgem, e aí morreu venerado como um santo.

É assim que dos grandes pecadores fazem-se os grandes santos, como da imundícia e podridão brotam por vezes as mais lindas e viçosas plantas.

Eis, meus senhores, o que sei de mais interessante a respeito da fundação dessa célebre romaria e da história de seu fundador. Se quereis saber onde fui eu ter conhecimento tão por miúdo dos acontecimentos desta verídica narração, sabei que eu a ouvi de um velho romeiro, que a tinha ouvido da boca do próprio mestre Mateus, e que a ouvi junto às ruínas da choça do santo ermitão, sentado sobre o mesmo cepo em que este outrora a tinha contado ao velho ferreiro de Goiás e à sua família de romeiros.

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segunda-feira, abril 27, 2009 - 01:13

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