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Sunt lacrimæ rerum

Estas, que ides ouvir, canções singelas,
Foram de uma alma cândida exaladas,
Que muito soube amar,
E que da vida as horas apressadas
Todas gastou em render culto às belas,
Sem nunca se cansar.

Seu terno coração já des do berço
Cismava só de amores,
E nos mais verdes anos já provava
Das paixões o prazer e os amargores.

Pobre homem! - gozou e sofreu muito,
Colheu muita lição;
Mas nunca pôde encher o vácuo imenso
De seu insaciável coração:
E ama ainda, o triste! - inda acredita,
Que sem amor no mundo não há dita !..

E agora, enquanto vão seus dias pálidos
Para o ocaso da vida descambando.
Evocando lembranças de outros tempos
Vai amores passados ruminando;
Bem como quem, ao coração cingindo,
Um ramalhete de mirradas flores,
Co pranto da saudade avivar tenta
O aroma e o viço das perdidas cores.

Não penseis que sou eu; - há muito tempo,
Lá bem longe... das brenhas na espessura,
Deixei perdida a lira dos amores,
Que por vezes a mão da formosura
Engrinaldava de silvestres flores.

Lá bem longe, - no seio das florestas,
Um dia eu esqueci-a pendurada
No tronco de frondosa copaíba,
Pelas auras da tarde balouçada
Em solitária riba;

Depois de ter cantado longamente
Meus últimos amores,
E de mesclar de minha amada o nome
Do dia extinto aos últimos rumores.

Da noite o furacão impetuoso
Rugindo nos espaços
Arrojou-a no abismo tenebroso
Desfeita em mil pedaços.

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segunda-feira, abril 27, 2009 - 01:17

Poesia Consagrada :

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BernardoGuimaraes

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