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Última poesia.

Apagaram as linhas
Póstumas do poeta.
Transformaram suas linhas de vida
Em rascunhos de morte.

Ele não era do tipo
Que causava boa impressão,
Cheguei a vê-lo andando maltrapilho;
Poeta de cara emburrada, amarrada,
Não sorria e nem chorava,
O rosto quase sempre
Parecia sem feição.

Morreu cedo, e morreu sem medo.
Morreu escrevendo tudo que sentia.
Antes mesmo de morrer
Confessou-me já ter escrito
Tudo que tinha pra dizer,
E justamente por isso
Já desejavas morrer.

Poeta de berço,
Tinha pelos versos
Um grande apreço;
Quando não escrevia nada
Num dia em que julgava inspirador,
Sua alma já vazia transbordava de dor.
Não aguentou longos dias
Sem escrever,
Já estava cansado de pegar na caneta
E não ter o que dizer.
Acabou morrendo ao lado de
Papeis amassados e rasgados.
Quando abriram tais papeis
Encontraram o seu último legado.
Sua face já esbranquiçada
Pela falta de vida ainda sorria.
Talvez fosse pela alegria
De morrer escrevendo a sua
Última poesia.

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domingo, julho 5, 2009 - 04:48

Poesia :

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Brunorico

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Comentários

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Re: Última poesia.

Mais um excelente poema que encontro no WAF! :-)

imagem de jopeman

Re: Última poesia.

Soberbo poema, que arrebata os sentidos

"Apagaram as linhas
Póstumas do poeta.
Transformaram suas linhas de vida
Em rascunhos de morte.

Sua face já esbranquiçada
Pela falta de vida ainda sorria.
Talvez fosse pela alegria
De morrer escrevendo a sua
Última poesia."

Adorei
Abraço

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Re: Última poesia.

Muito obrigado, meu querido, seus comentários são sempre gratificantes e me engrandecem muito. Muito obrigado mesmo.
Abração.

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