Última poesia.

Apagaram as linhas
Póstumas do poeta.
Transformaram suas linhas de vida
Em rascunhos de morte.

Ele não era do tipo
Que causava boa impressão,
Cheguei a vê-lo andando maltrapilho;
Poeta de cara emburrada, amarrada,
Não sorria e nem chorava,
O rosto quase sempre
Parecia sem feição.

Morreu cedo, e morreu sem medo.
Morreu escrevendo tudo que sentia.
Antes mesmo de morrer
Confessou-me já ter escrito
Tudo que tinha pra dizer,
E justamente por isso
Já desejavas morrer.

Poeta de berço,
Tinha pelos versos
Um grande apreço;
Quando não escrevia nada
Num dia em que julgava inspirador,
Sua alma já vazia transbordava de dor.
Não aguentou longos dias
Sem escrever,
Já estava cansado de pegar na caneta
E não ter o que dizer.
Acabou morrendo ao lado de
Papeis amassados e rasgados.
Quando abriram tais papeis
Encontraram o seu último legado.
Sua face já esbranquiçada
Pela falta de vida ainda sorria.
Talvez fosse pela alegria
De morrer escrevendo a sua
Última poesia.

Submited by

Domingo, Julio 5, 2009 - 04:48

Poesia :

Sin votos aún

Brunorico

Imagen de Brunorico
Desconectado
Título: Membro
Last seen: Hace 9 años 1 semana
Integró: 03/05/2009
Posts:
Points: 528

Comentarios

Imagen de Henrique

Re: Última poesia.

Mais um excelente poema que encontro no WAF! :-)

Imagen de jopeman

Re: Última poesia.

Soberbo poema, que arrebata os sentidos

"Apagaram as linhas
Póstumas do poeta.
Transformaram suas linhas de vida
Em rascunhos de morte.

Sua face já esbranquiçada
Pela falta de vida ainda sorria.
Talvez fosse pela alegria
De morrer escrevendo a sua
Última poesia."

Adorei
Abraço

Imagen de Brunorico

Re: Última poesia.

Muito obrigado, meu querido, seus comentários são sempre gratificantes e me engrandecem muito. Muito obrigado mesmo.
Abração.

Add comment

Inicie sesión para enviar comentarios

other contents of Brunorico

Tema Título Respuestas Lecturas Último envíoordenar por icono Idioma
Fotos/Perfil 1025 0 2.181 11/23/2010 - 23:37 Portuguese
Poesia/Desilusión Sonhos envelhecidos. 0 1.850 11/18/2010 - 15:27 Portuguese
Poesia/Pensamientos Cá entre nós. 0 1.583 11/18/2010 - 15:17 Portuguese
Poesia/General Vidas orquestradas. 0 1.454 11/18/2010 - 15:01 Portuguese
Poesia/General O saudosista 0 1.579 11/17/2010 - 22:41 Portuguese
Poesia/General Misantropo até a morte 0 1.594 11/17/2010 - 22:39 Portuguese
Poesia/General Medo de acordar. 0 1.469 11/17/2010 - 22:39 Portuguese
Poesia/Meditación Sapiência infantil. 0 1.526 11/17/2010 - 22:21 Portuguese
Poesia/Meditación Conselhos de um eremita. 0 1.658 11/17/2010 - 22:20 Portuguese
Poesia/Meditación Um morto perdido no tempo. 2 1.465 09/01/2010 - 00:45 Portuguese
Poesia/Meditación A bagagem da maturidade. 1 1.610 08/14/2010 - 10:03 Portuguese
Poesia/Amor Desregrado e desafinado. 2 1.729 08/12/2010 - 17:14 Portuguese
Poesia/Fantasía Sonho efêmero. 3 1.774 08/05/2010 - 00:29 Portuguese
Poesia/General Mesmo que ninguém me leia. 1 1.775 07/19/2010 - 15:22 Portuguese
Poesia/Desilusión Sinuca. 1 1.524 07/02/2010 - 14:12 Portuguese
Poesia/Desilusión Dónde estás la revolución? 1 1.477 06/21/2010 - 21:37 Portuguese
Poesia/General Subsistência. 2 1.614 06/11/2010 - 03:47 Portuguese
Poesia/Desilusión Onde estão as flores? 1 1.427 06/07/2010 - 20:31 Portuguese
Poesia/Meditación Medíocres virtuosos. 0 1.587 05/29/2010 - 17:47 Portuguese
Poesia/Meditación Palavras vazias. 2 1.697 05/16/2010 - 18:25 Portuguese
Poesia/Tristeza O novo envelheceu. 1 1.620 05/16/2010 - 18:21 Portuguese
Poesia/Meditación Esboço poético desvairado. 1 1.559 05/14/2010 - 20:38 Portuguese
Poesia/Dedicada Apolínea. 0 1.525 05/10/2010 - 00:57 Portuguese
Poesia/General Insanidade visceral. 1 1.547 05/05/2010 - 22:08 Portuguese
Poesia/Meditación Preciso dizer que... 1 1.493 04/26/2010 - 02:06 Portuguese