AMOR E POESIA

Foi numa tarde comum de outono,
Que meu peito se abriu pro amor e poesia.
O vento gélido quebrava o silêncio,
Palpitante o peito pelas palavras que eu lia.

Sob as águas caminhei tranquilo,
Como Poseidon o Deus dos mares.
Sob os céus voei sublime,
Como condor o rei dos ares.

Sumira a tristeza infinda.
Em minha alcova, parado no tempo,
Os olhos incautos sobre as linhas,
O sorriso e nenhum só lamento.

Não era o querer impuro e profano.
Não era Gomorra ou Sodoma,
Que devassas, sob a ira de Deus,
Sentem a fúria, vão à lona.

Era tudo límpido e sublime!
Complicado e tão simples: Amor.
Alcançável, imaginável, impossível...
Nesta selva impura a única flor.

Como flor na beleza e na vida,
Encanta, enfeitiça e logo morre.
Em prantos, o peito num vão lamento,
Clama ajuda e ninguém socorre.

A mesma luz que clareia e acalenta,
Incendeia na alba e alucina.
Mas quando se apaga na noite fria,
Pesadelo, pranto e dor infinda.

Sozinho com as palavras passam-se minutos.
E os mares, os ares e seus beijos...
Na terra ingrata passam-se séculos.
E dor, lamento, solidão e desejos...