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Aos senhores da guerra
Vou cavalgando num branco corcel
Através dos campos de batalha,
Arrasto-me por entre a gentalha
Cujos corpos derramam sangue e fel;
Caem no chão por uma guerra
Que não é a sua, mas não o sabem!
E, na ignorância, combatem,
Conquistam uma qualquer vil serra.
Pisam, calcam os corpos caídos
Dos seus irmãos d’armas; ‘smigalham
Um crânio co’as botas; avançam
Continuando assim, perdidos,
Vagueando por entre os crâneos
De companheiros e inimigos,
Cujas almas procuram jazigos
P’ra enterrar os entes corpóreos,
P’ra descançarem finalmente em paz;
E ru vou cavalgando por entre eles,
Vou vendo suas sangrentas peles
Querendo ajuda que eu, incapaz,
Não posso dar. Fujo com medo.
Passo por todos os continentes
Vendo somente as almas sofrentes
E o sangue ‘scorrendo p’los penedos…
Vagueando vou até Africa,
A negra terra. E o que vejo?
Toda aquela terra tão rica,
A vida a apagar-se co’o desejo
De ser o mais valente, mais forte
Ou mais corajosa, que o irmão.
E assim, seguindo Deus Mavorte,
Matam-se co’uma e outra mão,
Matam criancinhas, inocentes,
Que quer à lei da bala, quer da fome,
Deixam os seus corpóreos entes,
Deixando a forte dor que os consome.
Fujo! Cruzo o mar, vou p’ra Europa
E só vejo batalhas mesquinhas;
Uma obrigatória tropa;
Princesas presas por más rainhas;
Uma união que só desune;
Políticos com muita garganta,
E uma injustiça que é tanta
Que o que é desunido, ela une.
Vejo também nações em guerra,
Nações que sempre viveram em paz,
Mas hoje, o pai, os filhos enterra
Com suas mãos, não tendo pás,
Pois o metal foi requisitado
Para alimentar torpes vícios,
Fazer humanos sacrifícios
Chacinar quem sempre doseu lado
Viveu… Atravesso os brancos Urais
Entro na grande Ásia gélida,
Onde co’uma revolta fingida,
Morrem homens como vis animais.
Vejo políticos agarrados
A um passado já bem distante.
Observo que, a cada instante,
Há mais inocentes esmagados
Pelas lagartas da opressão.
Escuto o grito dos inocentes;
O arrastar mudo das correntes;
O estalar dos ossos no chão…
Oiço ao longe um ilusório
Discurso dum qualquer politico,
Palavras co’um sentido cínico:
Qual o sentido do velório
Do assassinato dos mártires,
Enquanto comem caviar puro
E bebem num, feito d’ouro, pires;
Falam dum ocidental murmuro,
Influências vis, sem sentido;
Que o povo é pobre, e eles também,
Que ninguém tem nada, nem um vintém,
Fazem ‘ntão o devasso pedido
De mais dinheiro – que lhes é dado!
Não podendo ver mais magoas,
Lanço-me àquelas azuis águas
E até à Austrália nado.
Lá vejo uma cínica gente
Com cifrões no lugar dos olhos;
Quer nos bolsos moeda aos molhos,
Não vendo o vizinho sofrente,
Um povo que uma ditadura,
Um regime mais que fascista,
Chacina a resistência cristã
Que ainda resiste sob a verdura.
Parto num avião p’ra América
Onde outra união de países,
De todas a mais podre e cínica,
Queima a copa e rega as raízes
Dos mundanos problemas, pensando
Que assim tapam as nossas visões,
As encerram em negros caixões,
Onde aos poucos vão enterrando
A esperança, a doce esperança,
Dum ouro mundo; dum mundo melhor,
Onde a guerra, esse grande terror,
Não seja a única dança
Que os grandes senhores da nossa terra
Sabem dançar. Esta é a guerra
Para onde vou co’o meu branco corcel,
Matando as palavras feitas de fel.
E meu braço branda apenas uma cruz,
Não uma ‘spada. Venham seguir-me
P’ro eterno reino feito de luz
Venham sem medo. Venham seguir-me.
Venham combater outro combate
Pelos que sem culpa são mortos,
Como animais postos no abate.
Venham, partam de todos os portos,
De todas as terras. Venham todos.
Deponham as armas, na cruz peguem!
Combatam a guerra com bons modos:
Deponham as armas, na cruz peguem!
08.12.1994
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Comentários
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Que pena que o ser humano se molda em religiões e políticas , feitas pelos grandes, uma pena , já foi assim no passado , é no presente e com certeza será no futuro, coitados de nós, tbm, me questiono, por que as religiões estão em nós , nos nossos atos de cada dia, penso assim , na minha plena ignorância, uma lástima e com isso as guerras, inocentes morrendo e nós cada dia um pouquinho mais!