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Calafrios

A inspiração causa em mim uma sensação doentia
Em um tipo de desligamento das coisas do mundo, quase sumo
Quando reapareço, contudo, sou frações de um inteiro projeto
Insano, projeto o completo nas escritas - não é assim tão fácil...

Mas, você que me acompanha (e que pode ser o eu-mesmo falando comigo)
Entenda o plano como sendo o vale serrano a caminho do litoral
É aliterada, esta canção sem música acompanhada
Sei que podes notar: veja a sequência de bafos quentes e frios, são todos um só
Sinta aquele frio do agasalho esquecido sobre a cama
Sinta... Sabes como é duro sobreviver?

O homem que fala só e gargalha em meio ao trânsito automotivo
Id(e) ao ego; viste?
Sorriste com os teus superiores, enquanto devorava o teu "fast-food" a caminho da vida
Repares nos meninos com seus malabares
São tão infantis que brincam de ganhar a vida
Entendes do nó na garganta
Não apenas da falta de dizeres naquela tua reunião de negócios

Promoves tua marca pela mídia
E ainda não viste o oprimido à frente de tua venda?

Causa-me arrepios a tua indecência (ainda falo com quem penso que sou)
Os que têm epilepsia por conta da troca natural
Entre o alimento e a droga, o costume do organismo
Presensiaste alguém quase morrendo a tua frente?

A noite passada tive um papo com o teto:
- Tens insônia? - pergunta-me o decrépito
- Claro! Ou não vês?- pergunto em meio ao deboche do fato em si
-Cala a tua mente e vai dormir- a terceira voz veio de onde não sei se vim

Sinto tremores de medo... Estou enlouquecendo?
É que observo os que vivem ao longe e... Tu és capaz de entender-me, acompanhante inexorável
Tu sabes que pergunto a ti, perguntando a mim:- Será que vivem, que sentem, que esperam? Será? Será? Será?

É assustador, analista
Quando eu falo de mim
Pareço-me com o relevo do Tibet
Não sei. Produzo receio quando subo e mergulho
Quando ergo o tronco e me entrego ao mar
E recrio o barulho da maneira mais conveniente a ti
Sabes, meu ego, o alterego também é um bom sujeito
Pode ser super, pode ser obsoleto, pode ser o consciente e seus prefixos...

És prolixo e eu sucinto.
Termino esta passagem com um paliativo lenço de papel
Pois, o que foram calafrios agora é gripe.
Há quem sofra com o frio e morre
Morre, inseparável, pela indiferença.

Dá-me calafrios, para eu entender que não sou este cujo reflexo é frágil rigidez de espelho.

Submited by

quarta-feira, março 17, 2010 - 15:39

Poesia :

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robsondesouza

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Comentários

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Re: Calafrios

"Sabes, meu ego, o alterego também é um bom sujeito
Pode ser super, pode ser obsoleto, pode ser o consciente e seus prefixos..."

Tremendo calafrio no esplendor de uma forte leitura com a qual nos premiaste, hoje.

Carla

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Re: Calafrios

Bela meditação Robson,

Dá-me calafrios, para eu entender que não sou este cujo reflexo é frágil rigidez de espelho.

Abraço
Nuno

imagem de angelalugo

Re: Calafrios

Olá caro poeta Robson

Nossa! Foi de tirar o fôlego
Maravilhoso este teu texto
sensacional, pura meditação
Meus Parabéns!

Beijinhos no coração

imagem de Henrique

Re: Calafrios

Soberba meditação!!!

O poeta é mesmo louco, somos loucos!!!

:-)

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