COMENTANDO SARAMAGO

Quando jovem tentei ler “A Jangada”
Mas não passei das primeiras páginas.
Foi talvez como ter tomado aftaminas,
Não percebi nada. Fiquei toda baralhada.

Já adulta, fui ao teatro ver adaptada
A sua obra “Memorial do Convento”.
Estreia. Casa Cheia. Saramago atento
Sentado em seu assento. Eu, fascinada.

No palanque, uma prosápia muito própria,
Diversos actores vestidos de muitas cores.
A Inquisição de então executava traidores
Fosse por credo, feitiçaria ou outra heresia.

O desenrolar da peça é feito com mestria,
Pela diegese e construção do monumento,
O dito convento, erigido para cumprimento
De promessa por um filho que o rei queria.

No final, Saramago é chamado a cena
Juntando-se aos demais artistas felizes,
Por se terem saído bem nas directrizes
E agradado o público e o mago da pena.

No salão repleto de gente maravilhada,
Honrei-me por fotografar autor e Sete sóis.
Debateram vários aspectos da peça os dois
E naquele momento senti-me agraciada.

Desde então, devorei de uma assentada
Várias obras do escritor. Aprendi a lê-lo.
Através das imagens percebi quão belo
O seu modo de escrita de pena aguçada.