Crónicas de Jasmim - 6 - O Vale Lento

Após cavalgadas enleadas e horas sumidas,
Eis que ao árido Vale, fragosa jornada findaram,
Arenoso mar de tormentas, onde finam vidas,
Tenebroso e hediondo. As bravuras pereceram!

Lado a lado, tremelicando! Os bravos da salva,
Invadem o recôndito negrume: - Ao medo!
Sepultam meditares, rebuscam pela escura selva,
Por algo?! A vazão dos infernos, a razão do credo!

Possantes ventos, sacudidas e assaltos!
Raios e coriscos, relampejos e estrondos!
Robustos tremores, terramotos e ressaltos!
Atolados, aturdidos e atroados! Ousados…

Os receosos são abalados, avassalados!
É o fim! …
Pela mão da trovoada apunhalados,
De encontro ao solo esmagados,
Repisados, amiudados e derrotados!

Jasmim, percebe que está perto e sente,
Um frágil pulsar dentro do pequeno peito,
Ao cavaleiro canta, despedidas e mente:
– …Levai em paz, o meu valente ao seu leito,
Levai-o ao jardim do Senhor, por tal feito…

Pelo ânimo do amor, o âmago da virtude,
A candura da justeza e pela ternura na voz,
Eis a espada contra a tempestade, a verdade!
– Amaina, esmiúça o vento, levantai-vos vós.

Pedro Martins