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ELEGIA WALTER BENJAMIN * ANTONIO CABRAL FILHO
mas de todos tem um
que mexe comigo.
É sobre um reino
em guerra com outro reino
cujo rei foi destronado
e teve que fugir com o filho
até ao ermo da floresta.
Perambularam a esmo
tomados de medo e fome
até acharem uma cabana
onde morava uma velhinha,
que lhes acolheu
com carinho de mãe
e uma homelete de amoras,
cujo sabor marcou suas vidas.
O jogo virou
e o antigo rei retomou o poder
passando o trono ao herdeiro,
que com o passar dos anos
quis recordar tal delícia.
É fato que todo reino
tem cozinheiro da corte
e que suas chances de vida
jazem no fígado de alguém.
Foi o que fez a homelete de amoras:
Confirmar que a memória
não faz homelete da história.
No conto de Benjamin,
o cozinheiro finda bem
e todos seus personagens
são felizes para sempre.
Eu gostaria que Benjamin
tivesse o mesmo destino
que deu a seus personagens,
de concluir suas vidas
contando as suas histórias.
Mas vejam quão malvada
é a ironia!
Nem eu apostaria
que ele cresse em destino,
pois cruzou seus rubicões
por conta e risco próprios,
provando que homem digno
não se vende nem se rende
e fugiu do inimigo
até a mais densa floresta
e passou fome e frio
e delirou de medo
ao transpor os Pirineus
cambaleando de fraco,
só pra chegar à Espanha
buscando uma alma boa
que lhe desse alguma colhida,
mesmo sem carinho de mãe,
mesmo sem homelete de amoras
nem comforto de choupana,
e, em vez disso, encontrou apenas
o frio cerco do fim
ante as fileiras nazistas,
mas não deu ao inimigo
nem um tiquim da vitória...
***
VIDE+ http://acf136.blogspot.com.br
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