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As estações em haicais: Primavera *

Haru (Primavera)

I.
yomibito o shirazaru haru no shûka kana

É anônimo o autor
Deste esplêndido poema
Sobre a primavera.

Shiki

II.
haru no hi ya niwa ni suzume no suna abite

Dia de primavera —
Os pardais no jardim
Tomam banho de areia.

Onitsura

III.
nodokasa no hitori yuki hitori omoshiroki

A tranqüilidade
De andar sozinho,
Divertir-se sozinho.

Shiki

IV.
nodokasa ya kakima wo nozoku yama no sô

Tranqüilidade —
O monge da montanha
Espia através da cerca.

Issa

V.
mada nagô naru hi ni haru no kagiri kana

Outro longo dia,
E a primavera
Vai chegando ao fim!

Buson

VI.
osoki hi no tsumorite tôki mukashi kana

Dias que se alongam —
Cada vez mais distantes
Os tempos de outrora!

Buson

VII.
yuku haru ya tori naki uo no me wa namida

Vai-se a primavera!
Lágrimas no olho do peixe.
Choram as aves.

Bashô

VIII.
kutabirete neshima ni haru wa kure ni keri

Morto de cansaço,
A primavera chega ao fim
Enquanto durmo.

Kitô

IX.
yusa-yusa to haru ga yuku zo yo nobe no kusa

Farfalhando,
A primavera se vai
No capim do prado.

Issa

X.
tabi sen to omoishi haru mo kure ni keri

Quando penso
Em partir em viagem,
O fim da primavera.

Kyoshi

XI.
kusa kasumi mizu ni koe naki higure kana

As águas silentes
E a névoa sobre o capim —
Entardece agora.

Buson

XII.
haru nare ya na mo naki yama no asagasumi

Já é primavera —
Uma colina sem nome
Sob a névoa da manhã.

Bashô

XIII.
hashigeta ya hi wa sashi nagara yûgasumi

Pelas vigas da ponte,
Os raios de sol
Na névoa da tarde.

Hokushi

XIV.
haru kaze ya tsutsumi goshi naru ushi no koe

Vento de primavera —
Do outro lado do aterro,
O mugido da vaca.

Raizan

XV.
yane ni neru nushi nashi neko ya haru no ame

Um gato sem dono
Dormindo sobre o telhado —
Chuva de primavera.

Taigi

XVI.
harusame ya monogatari yuku mino to kasa

A viva conversa
Da capa e do guarda-chuva —
Chuva de primavera.

Buson

XVII.
harusame ya utsukushû naru mono bakari

Chuva de primavera —
Todas as coisas
Parecem mais bonitas.

Chiyo-jo

XVIII.
harusame ya neko ni odori o oshieru ko

Chuva de primavera —
Uma criança
Ensina o gato a dançar.

Issa

XIX.
yuki tokete mura ippai no kodomo kana

Ao derreter-se a neve,
A aldeia se enche
De crianças!

Issa

XX.
kagerô ya hito-kuwa-zutsu ni tsuchi kusaki

O ar a tremular —
A cada golpe da enxada
O cheiro da terra.

Rankô

XXI.
haru no umi hinemosu notari notari kana

Mar de primavera —
O dia todo,
Ondula, ondula ...

Buson

XXII.
haru no no ya nani ni hito yuki hito kaeru

Campo de primavera —
Para onde vão, de onde vêm
Estas pessoas?

Shiki

XXIII.
ikanobori kinô no sora no aridokoro

Uma pipa
No mesmo lugar
do céu de ontem!

Buson

XXIV.
utsukushiki tako agari keri kojiki-goya

Sobe
Do barraco do mendigo
Uma linda pipa.

Issa

XXV.
mugi-meshi ni yatsururu koi ka neko no tsuma

Tão mirrada,
De tanto arroz e cevada,
A gata enamorada.

Bashô

XXVI.
hige ni tsuku meshi sae omoezu neko no koi

Nem se lembra
Do arroz grudado ao bigode —
Gato enamorado.

Taigi

XXVII.
nete okite ooakubi shite neko no koi

O gato, ao acordar,
Com um grande bocejo
Vai namorar.

Issa

XXVIII.
osoroshi ya ishigaki kuzusu neko no koi

Que coisa horrível!
Os gatos enamorados
Derrubaram o muro.

Shiki

XXIX.
uguisu ya mata iinaoshi iinaoshi

Ah, o rouxinol!
De novo ele tenta
E tenta de novo.

Chiyo-jo

XXX.
asagoto ni onaji hibari ka yane no sora

A cada manhã,
No céu sobre o meu telhado,
A mesma cotovia?

Jôsô

XXXI.
nagaki hi o saezuri taranu hibari kana

À cotovia,
Que canta sem cessar,
O dia inteiro não basta.

Bashô

XXXII.
chichi haha no shikiri ni koishi kiji no koe

Ah, quanta saudade
De meu pai e minha mãe
Na voz do faisão.

Bashô

XXXIII.
ren ni itte bijin ni naruru tsubame kana

Entra pela cortina
E à linda mulher se afeiçoa —
Uma andorinha.

Ransetsu

XXXIV.
okiyo okiyo waga tomo ni sen neru kochô

Acorda, acorda!
Vem ser minha amiga,
Borboleta que dorme!

Bashô

XXXV.
chôchô ya nani o yume mite hane zukai

Borboleta!
O que sonhas, assim,
mexendo suas asas?

Chiyo-jo

XXXVI.
tsurigane ni tomarite nemuru kochô kana

Sobre o sino,
Pousada dormia
A borboleta.

Buson

XXXVII.
chô tobu ya kono yo ni nozomi nai yô ni

Como se neste mundo
Não tivesse mais esperanças,
Vai-se a borboleta!

Issa

XXXVIII.
hira-hira to kaze ni nagarete chô hitotsu

Flutuando,
Abandona-se ao vento
Uma borboleta.

Shiki

XXXIX.
michizure wa kochô o tanomu tabiji kana

Para esta viagem
A melhor companhia
É uma borboleta!

Shiki

XXXX.
furu ike ya kawazu tobikomu mizu no oto

O velho lago ...
O ruído do salto
Da rã na água.

Bashô

XXXXI.
ume ga ka ni notto hi no deru yama ji kana

No perfume das flores de ameixa,
O sol de súbito surge —
Caminho da montanha!

Bashô

XXXXII.
hitotsu ochite futatsu ochitaru tsubaki kana

Uma cai ...
E duas caem a seguir —
Camélias!

Shiki

XXXXIII.
hana chirite ko no ma no tera to nari ni keri

Ao perder as flores
Com o templo se confunde
A cerejeira.

Buson

XXXXIV.
sato no ko no hada mada shiroshi momo no hana

Da criança da aldeia
A pele ainda branquinha —
Flor de pessegueiro.

Chiyo-jo

XXXXV.
nashi saku ya ikusa no ato no kuzure ie

A pereira em flor —
No antigo campo de guerra,
A casa em ruínas.

Shiki

XXXXVI.
yama no tsuki hana nusubito o terashi tamou

A lua da montanha
Gentilmente ilumina
O ladrão de flores.

Issa

Seleções de Haikais clássicos japoneses, extraídos do site:

http://www.kakinet.com/cms/index.php

Nota do poeta: O site Caqui autoriza a divulgação dos haicais (originais e traduzidos) desde que citado o endereço do próprio site.

Como encontramos o nome do tradutor estamos também citando o seu belo trabalho: Edson Kenji Iura publicou na coluna "Um Mestre Japonês" da página "Haicai Brasileiro" do Jornal Nippo-Brasil (São Paulo), entre 1999-2003.

Os haicais originais foram extraídos de diversas fontes:
1. Blyth, R.H. Haiku. Tóquio, Hokuseido.
2. Blyth, R.H. A history of haiku. Tóquio, Hokuseido.
3. Franchetti, P. Haikai, antologia e história. Campinas, Unicamp.
4. Maruyama, K. Issa haiku-shû. Tóquio, Iwanami.
5. Matsuo, Y. Haiku jiten kanshô. Tóquio, Ôfûsha.
6. Mizuhara, S. e outros (ed). Nihon dai-saijiki. Tóquio, Kodansha.
6. Nakamura, S. Bashô haiku-shû. Tóquio, Iwanami.
7. Ogata, T. Buson haiku-shû. Tóquio, Iwanami.
8. Yamamoto, K. Bashô sanbyaku-ku. Tóquio, Kawade.

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quinta-feira, julho 22, 2010 - 03:50

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AjAraujo

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À cotovia, Que canta sem

À cotovia,
Que canta sem cessar,
O dia inteiro não basta.

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