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EU CANTO
Se tudo ainda é noite
Se da alegria é véspera
Se a vida é um açoite
E se além da festa
A dança da palavra
O mudo sentimento
O gesto, o desassombro
Na curva do caminho
Colheita de espanto
Plantada ao fim da linha.
E se pro sonho é tarde
Se acima do abismo
As asas já não abrem
Se o fogo já não arde
Nas cinzas da palavra
E se o som das rimas
São mudas, sem alarde
De sinos, e de guizos
Se as coisas não se movem
As pedras do caminho
As nuvens e as aves
A flor da paisagem.
Se o tempo atropela
A mansidão de um ninho
Se a chuva já não rega
Vindoura primavera
Nem grito da garganta
Nem gesta de um verso
Se a vastidão de estrelas
Rompendo a imensidão
Desabam no granizo
Em louca claridade.
E se a alma aflita
Não diz sua beleza
Perdida nesta nódoa
E se a boca perdida
Não acorda guitarras
As cigarras, as cítaras
Noturnas e caladas.
Se a vida sobrevoa
Silêncio e descabido
Se à frente o mar bravio
Esculpe em suas ondas
As pedras de um rochedo.
E apesar de tanto
De um fundo, de um desvão
Silêncio, solidão,
Alucinada, eu canto.
Sandra Fonseca
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Poesia :
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Comentários
Re: EU CANTO
Isabor :-)
E apesar de tanto
De um fundo, de um desvão
Silêncio, solidão,
Alucinada, eu canto
BRILHANTE, ALUCINAÇÃO POÉTICA
ABRAÇO LUZ
Re: EU CANTO
E ainda bem que o fazes,
Teu canto é uma delícia.
bjs
Re: EU CANTO
Isabor,
Já dizia o ditado quem canta seus males espanta!
Adorei! :-)
Re: EU CANTO
Isabor
Do seu canto não posso dizer nada.
mas da sua escrita é maravilhosa
parabéns belo poema.
Re: EU CANTO
Boa alucinação poética!!!
:-)
Re: EU CANTO
Isabor!
EU CANTO
E apesar de tanto
De um fundo, de um desvão
Distancia, solidão,
Alucinada, eu canto.
lINDO POEMA, MEUS PARABÉNS!
MarneDulinski