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A flor do ar (Gabriela Mistral)
Eu a encontrei por meu destino,
de pé a metade da pradaria,
governadora do que passe,
do que lhe fale e que a veja.
E ela me disse: “Sobe ao monte.
Eu nunca deixo a pradaria,
e me cortas as flores brancas
como neves, duras e delicadas”.
Subi à ácida montanha,
busquei as flores onde alvejam,
entre as rochas existindo
meio dormidas e despertas.
Quando desci com minha carga,
a encontrei a metade da pradaria.
e fui cubrindo-a frenética
com uma torrente de açucenas
e sem olhar-se a brancura,
ela me disse: “Tu carregas
agora só flores vermelhas.
Eu não posso passar a pradaria”.
Subi as penas com o veado
e busquei flores de demência,
as que avermelham e parecem
que de vermelho vivam e morram.
Gabriela Mistral, poetisa chilena, Prêmio Nobel de Literatura de 1945, poema traduzido por Maria Teresa Almeida Pina.
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