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A fome parecia uma equação
Eu já vi a miséria a andar nos livros e nos cadernos da escola. A fome na minha barriga parecia uma equação, essas equações fechadas que me podiam enlouquecer. Eu sabia o nome de todas as tripas do meu intestino, mas esqueci o nome dos rios e o nome das marcas de automóveis e lembrava aquele dia de sol em que o pneu
do carro se soltou como um dente do siso preso por um fio á porta do quarto de sua... majestade o nosso rei que governa o prato vazio da nossa sopa e das nossas brincadeiras. Ontem da janela do autocarro vi a multidão e o carro dos mortos, parece que a morte faz de qualquer um, um intimo desconhecido, aquilo parecia o estrangeiro do Camus, imaginava eu as palavras que faltavam, ainda me faltava representar aquele filme, como ficamos nós na fotografia, uma semana antes eu vi ao balcão do café aquele homem e que estranha impressão ver os olhos negros e a cal branca no rosto, pressenti uma absoluta ausencia, uma coisa pior que qualquer
espécie de solidão. Agora nas coisas que tento, na escrita e nos rabiscos faço a minha eternidade. São os outros que desaparecem do espelho.
sabado 17 de março 2012
loboVer mais
GostoNão gosto · · Partilhar · há 4 minutos perto de Coimbra
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Poesia :
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Comentários
fome
a miséria humana
tem um nome:
Fome -
que engorda ufana
todos os dias
da semana,
nos pra(n)tos da hipocrisia.
Votos de Feliz Páscoa!
_Abilio.